Economia

Retomada na produção da Opep+ pode prejudicar equilíbrio, diz AIE

Apesar do aumento de casos de Covid-19 em muitos países, a aliança planeja continuar com o aumento da oferta conforme programado

Opep+: durante a pandemia, aliança liderada pela Arábia Saudita e Rússia fez grandes reduções na produção (./Getty Images)

Opep+: durante a pandemia, aliança liderada pela Arábia Saudita e Rússia fez grandes reduções na produção (./Getty Images)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 14 de outubro de 2020 às 10h10.

Última atualização em 16 de outubro de 2020 às 11h35.

O cenário para o petróleo “permanece frágil” em meio ao impacto da pandemia sobre a demanda, disse a Agência Internacional de Energia, segundo a qual os planos da Opep de aumentar a oferta no próximo ano vão deixar os mercados globais precariamente equilibrados.

“Existe o risco de que a recuperação da demanda seja interrompida pelo recente aumento de casos de Covid-19 em muitos países”, disse a AIE em relatório mensal de mercado.

Ao mesmo tempo, os mercados devem receber mais suprimentos em janeiro, pois a Opep e aliados planejam flexibilizar algumas das medidas tomadas para evitar a saturação. Assim que as torneiras forem abertas, haverá “espaço limitado para o mercado absorver” qualquer volume extra, disse a agência com sede em Paris.

O aumento de casos de coronavírus leva muitos especialistas no mercado a questionarem se a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados vão aumentar a oferta a partir de janeiro. Os produtores do grupo também têm dúvidas, de acordo com os delegados. Ainda assim, o ministro de Energia dos Emirados Árabes Unidos, Suhail Al Mazrouei, disse na terça-feira que, por enquanto, a Opep+ planeja continuar com o aumento da oferta conforme programado.

A demanda global por petróleo ainda deve registrar queda sem precedentes de 8% neste ano por causa da crise econômica causada pelo vírus. Para compensar a baixa e sustentar os preços, a aliança Opep+ liderada pela Arábia Saudita e pela Rússia fez grandes reduções na produção.

Suas medidas “mostraram algum sucesso”, diminuindo os altos estoques globais no terceiro trimestre a uma taxa de 900 mil barris por dia, disse a AIE. Os contratos futuros são negociados pouco acima de US$ 40 o barril em Londres.

Queda dos estoques

No entanto, a queda dos estoques deve desacelerar muito no primeiro semestre do próximo ano, mostrou o relatório. A Opep+ diminui o ritmo de cortes em agosto e deve desacelerar as reduções ainda mais. O grupo de 23 países adicionará cerca de 1,9 milhão de barris por dia em janeiro, segundo os termos de um acordo firmado no início deste ano, antecipando uma demanda mais forte.

Quando esses barris adicionais chegarem, as reduções dos estoques irão desacelerar. O enfraquecimento dos preços no mercado físico de petróleo, onde cargas reais são compradas e vendidas, sugere que o equilíbrio pode ser facilmente inclinado se a demanda diminuir ainda mais ou outros produtores aumentarem a produção, segundo a agência.

“A perspectiva incerta que pode afetar a queda dos estoques se reflete no fato de que os preços físicos enfraqueceram”, segundo o relatório. Países da Opep+ devem se reunir na segunda-feira para discutir as perspectivas para o mercado, antes de finalizar os planos no final de novembro.

Acompanhe tudo sobre:OpepPetróleo

Mais de Economia

Haddad: reação do governo aos comentários do CEO global do Carrefour é “justificada”

Contas externas têm saldo negativo de US$ 5,88 bilhões em outubro

Mais energia nuclear para garantir a transição energética

Boletim Focus: mercado reduz para 4,63% expectativa de inflação para 2024