Economia

Retomada internacional impulsiona minério de ferro no Brasil, diz FT

A taxa de câmbio fraca, embora impacte a inflação e prejudique o consumo no Brasil, é também uma "bênção" para os mineiros brasileiros, aponta o Financial Times

Mineração: setor tem sido um dos destaques do Brasil na frente de exportações (Germano Lüders/Exame)

Mineração: setor tem sido um dos destaques do Brasil na frente de exportações (Germano Lüders/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de agosto de 2021 às 10h35.

O jornal de economia britânico Financial Times traz em sua edição de hoje um retrato dos impactos da retomada das atividades no mundo pós-pandemia sobre a mineração no Brasil, tendo como fio condutor a pequena cidade mineira de Itabirito, localizada no "Quadrilátero Ferrífero" do Estado.

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Os preços dos alugueis dispararam no município e os quartos de hotel são escassos, conforme relataram moradores ao periódico. A cada dia desembarcam em Itabirito, - que tem uma população de 60 mil habitantes e se tornou um boom global de commodities - mais interessados em encontrar uma vaga no setor de extração minério de ferro.

O prefeito Orlando Caldeira disse ao FT que, mesmo com a pandemia, o comércio "está a todo vapor". Isso porque, com a retomada das atividades no mundo, há uma demanda crescente por matérias-primas e alimentos.

Segundo o jornal, Itabirito testemunhou uma explosão de empregos e uma fortuna inesperada para os cofres públicos, que contabiliza a entrada de R$ 59 milhões em receitas de royalties de mineração durante o primeiro trimestre de 2021, um aumento de oito vezes em relação ao mesmo período do ano passado.

A fabricante de equipamentos e componentes de mineração Agile Minerals, por exemplo, abriu uma nova unidade no ano passado. A publicação salienta que a prosperidade da cidade contrasta com as dificuldades enfrentadas por muitos brasileiros como resultado da Covid-19, que matou mais de 500 mil pessoas e elevou a taxa de desemprego para quase 15% no País.

A taxa de câmbio fraca, que atinge a inflação, é uma "bênção" para os mineiros brasileiros, conforme o Financial Times, pois reduz os custos operacionais ante os rivais no exterior e aumenta os ganhos em moeda local, já que o minério de ferro é cotado em dólares. O jornal também lembra que as ações da Vale do Brasil subiram quase um quinto desde o início de 2021 e no mês passado registrou um salto anual de 600% na receita líquida trimestral para US $ 7,6 bilhões.

O periódico cita ainda que as exportações do Brasil, em grande parte destinadas à China, devem aumentar em valor em três quartos, para US $ 45,2 bilhões neste ano, e substituir a soja como a principal fonte de divisas. Por outro lado, menciona que, apesar da queda nos casos de covid-19, os brasileiros ainda padecem com a doença e que acidentes letais ligados à extração de minério de ferro em outras partes de Minas Gerais - detalhando os episódios de Mariana e Brumadinho - ainda estão vivos na memória.

Uma porta-voz da Vale disse ao jornal que a empresa tem investido em novas tecnologias para aumentar o processamento do minério e reduzir o impacto nas barragens. A companhia calculou que ainda há mais 70 anos de minério de ferro a serem escavados na área. Depois de atingir uma alta histórica acima de US$ 230 por tonelada em maio, os preços caíram drasticamente nas últimas semanas para cerca de US $ 170, com a China prometendo cortes na produção de aço para reduzir suas emissões de carbono.

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