Luiz Moan, presidente da Anfavea: “Nós erramos a previsão. A projeção incluía aumento na media diária [de vendas], o que não aconteceu” (Antonio Cruz/Abr)
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2016 às 10h55.
A indústria automobilística deve retomar o crescimento a partir do quarto trimestre deste ano, com a expectativa de melhora da economia, estima Luiz Moan Yabiku Júnior, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
“Torço para que as questões políticas sejam rapidamente resolvidas e que parem de contaminar a economia, sem partidarismo, sem ideologia. Todos nós temos que pensar no país”, declarou durante o 7º Fórum da Indústria Automobilística, na capital paulista.
Moan, que deixa o cargo na Anfavea no próximo mês, disse ter consciência de que faria a gestão da associação durante um período de crise, uma vez que os altos e baixos do setor costumam ser cíclicos.
“Já tínhamos ultrapassado, em termos de crescimento, sete anos. Mas não podia imaginar uma crise tão profunda como estamos vivendo”.
Os resultados de vendas absolutas no mês de março ficaram abaixo da expectativa com o agravamento da crise econômica, afirmou.
Segundo ele, o setor deverá fechar com 20% a 25% de aumento em relação a fevereiro, um desempenho ruim - em fevereiro, o feriado do carnaval e o menor número de dias úteis reduzem as vendas.
“Nós erramos a previsão. A projeção incluía aumento na media diária [de vendas], o que não aconteceu”, explicou.
A projeção de crescimento de 8,1% nas exportações está mantida. A renegociação do acordo comercial com a Argentina, que vence em junho, leva expectativa ao mercado.
“Queremos um acordo de longo prazo e que gere previsibilidade para ambos os lados. Neste momento, não sabemos qual o desfecho dessa negociação, estamos trabalhando para um acordo de livre comércio”, declarou.
O mesmo é esperado para o México, cujo acordo vence daqui a um ano e meio.
Quanto ao emprego, Moan garantiu que as indústrias associadas têm buscado a manutenção dos postos de trabalho.
Em fevereiro, 42 mil funcionários foram colocados no regime do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), lay off ou férias coletivas. Foram demitidos 15 mil trabalhadores.
Os investimentos por parte das associadas, que se comprometeram a investir R$ 85 bilhões no período de 2012 a 2018, também seguem mantidos.
“Não houve recuo. Há preocupação com o cenário de médio prazo, mas não há duvidas no longo prazo. Quando o mercado retomar, quem cortar investimento estará fora do jogo”, disse Moan.