Economia

Retirada de grau de investimento já era esperada, diz CNI

O presidente da CNI disse que a retirada do grau de investimento já era esperada e agora é preciso corrigir erros para o país voltar a ter o selo de bom pagador


	Sede da Fitch Ratings: diagnóstico e as propostas de mudança foram dadas por diferentes partidos políticos e pelos empresários, segundo a CNI
 (Brendan McDermid/Reuters)

Sede da Fitch Ratings: diagnóstico e as propostas de mudança foram dadas por diferentes partidos políticos e pelos empresários, segundo a CNI (Brendan McDermid/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2015 às 15h52.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, disse hoje (16) que a retirada do grau de investimento do Brasil já era esperada e agora é preciso corrigir os erros para o país voltar a ter o selo de bom pagador.

Em entrevista coletiva, ele tinha acabado de falar que a expetativa era de retirada do grau de investimento, quando foi informado da decisão da agência de classificação de risco Fitch de rebaixar a nota do país.

Para Andrade, o diagnóstico e as propostas de mudança foram dadas por diferentes partidos políticos e pelos empresários. Na avaliação dele, agora é preciso “vontade” para colocar em prática. “Não precisa de mais diagnóstico”, disse.

Andrade disse que fica preocupado com uma eventual saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Para ele, se o ministro deixar o cargo, a preocupação é com quem vai assumir e com que autonomia. “Primeiro o mercado iria ver que o ministro não teve apoio necessário para implantar o que gostaria de ter feito. Aí, dependendo de quem vai assumir, é bom ou ruim. Certamente, o mercado financeiro vê no Levy uma pessoa que tem responsabilidade”.

O presidente da CNI destacou que as reformas do PIS/Cofins e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não avançaram. “Não tem resultado. A proposta de ter déficit menor este ano não aconteceu e de ter superávit no ano que vem não vai acontecer. Não estou dizendo que seja culpa dele [Levy]”, disse. Ele acrescentou que, além da inferência da Presidência e do Ministério do Planejamento na atuação do ministro, “trabalhar com Câmara e Senado este ano está mito difícil”.

Impeachment O presidente da CNI disse que a entidade não tem uma posição sobre o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “O processo é democrático, está previsto na Constituição. Somos a favor que o rito do processo seja seguido e o mais rapidamente possível”, disse.

Para Andrade, se a presidenta for absolvida, terá mais força política para tomar decisões. Se o vice-presidente, Michel Temer assumir a Presidência, com o impeachment de Dilma, terá “um período de benevolência da sociedade brasileira acreditando que vai fazer as mudanças necessárias”. “Mas acho que esse período não vai ser longo. O povo não vai ter muita paciência”, ressaltou.

“Acho que temos que trabalhar com a decisão que o Congresso Nacional tomar. Vamos ter que trabalhar junto, discutir, apoiar”, disse. “Nossa crise econômica depende fundamentalmente de uma solução da crise política. A gente não consegue dimensionar se essa crise vai ser resolvida no curto prazo, no médio ou no longo prazo. E isso deixa os empresários ainda mais desaminados com relação ao que pode acontecer em 2016”.

Para Andrade, é preciso fazer reforma da previdência e rever regras automáticas de despesas públicas, como com educação e saúde. Na avaliação do presidente da CNI, a “única alternativa concreta” atualmente para o setor produtivo são as exportações. Segundo ele, o aumento das exportações depende de acordos internacionais e “o governo, felizmente, está correndo atrás, independentemente da crise política”.

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