Economia

Resultado do PIB é sinal de recuperação econômica, diz Ipea

Para o novo presidente, apesar de não haver reversão, há sinais de estabilização neste momento de recessão


	PIB: “É uma possibilidade de abertura para uma recuperação lenta do crescimento em 2017"
 (Marcos Santos/USP Imagens)

PIB: “É uma possibilidade de abertura para uma recuperação lenta do crescimento em 2017" (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2016 às 14h30.

O novo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ernesto Lozardo, disse hoje (1º) que a queda de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano já é um sinal de recuperação econômica.

Para ele, apesar de não haver reversão, há sinais de estabilização neste momento de recessão. No trimestre anterior, a economia registrou retração de 1,3%.

“É uma possibilidade de abertura para uma recuperação lenta do crescimento em 2017. Mas isso já em função de um novo ambiente macroeconômico que está se criando no país, tanto de reação cambial quanto em relação à questão inflacionária, e o PIB está dando seus primeiros passos de reversão.”

O PIB – soma de todos os bens e serviços produzidos no país – fechou o primeiro trimestre do ano em queda de 0,3% na série sem ajuste sazonal, somando R$ 1,47 trilhão em valores correntes.

O resultado é a quinta queda consecutiva nesta base de comparação. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ano passado, o PIB fechou em queda de 3,8%, a maior desde o início da série histórica em 1996.

Para Lozardo, a recuperação no segundo semestre será melhor.

“Tudo vai ser melhor porque chegamos a uma situação tão dramática que, quando se começa a ter um pouco mais de lógica na política macroeconômica e na austeridade, e a sociedade está entendendo a necessidade do sacrifício, reverte-se. O pessimismo torna-se cada vez melhor e a confiança cresce gradualmente.”

Segundo o novo presidente do Ipea, o crescimento se dá quando se coloca uma realidade fiscal no país e não se ameaça o emprego das pessoas.

“Vai ser difícil a construção, mas temos que ter um horizonte para a economia. E o horizonte é muito claro, é maior abertura econômica, maior competitividade e equilíbrio fiscal. Sem equilíbrio fiscal não dá para pensar em nada em termos de prosperidade, nada em termos de crescimento, muito menos em ter uma sociedade mais prospera e nos livrarmos da famosa armadilha de uma sociedade pobre.”

O presidente interino Michel Temer deu posse hoje a Lozardo e aos presidentes da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil, da Petrobras e do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES). Em seu discurso, Temer disse que o Ipea é um “celeiro de ideias” e que Lozardo não é alguém que “produz ideias que só geram diagnósticos”, mas alguém que faz projetos “que alimentam a formulação de políticas consistentes”.

O novo presidente do Ipea disse ainda que o país começou a dar clareza das atividades fiscais, estabilidade na política monetária para, então, dar aos investidores e ao consumidor um perfil de crescimento e redução do nível de desemprego.

“Estamos empenhadíssimos, não só para a ordem fiscal, receita e despesa, mas também por uma racionalidade dos gastos públicos, sem o populismo dentro do Orçamento. Nós temos que ter compromissos sociais sim, mas sem a demagogia fiscal. O equilíbrio fiscal traz ao Brasil a ordem monetária, o equilíbrio cambial e a credibilidade nacional”, argumentou.

Ponte para o futuro

Segundo Lozardo, sua missão no Ipea será a formação de uma estratégia de desenvolvimento econômico.

“Estratégica com que horizonte? Para onde vamos? Como vou chegar a uma sociedade que venha a ter amanhã uma renda media de US$ 20 mil per capita? Tenho que ter uma meta e com que instrumentos vou chegar lá. Quando se fala da ponte para o futuro, a ponte é chegar a esse lugar, dobrar a renda per capita brasileira.”

A estratégia, para o presidente do Ipea, envolve investimentos.

"Temos que atrair os investidores internacionais. Tudo isso dentro de uma arquitetura política estável, de uma arquitetura fiscal estável e ganhando a credibilidade da sociedade, dos trabalhadores que estavam sendo explorados para fazer o sacrifício do crescimento.”

Para Lozardo, o Brasil deve voltar a crescer de forma positiva daqui a dois anos.

“Ainda temos um trabalho árduo, pela frente, de recuperação fiscal. Acho que em 2018 teremos um resultado bem mais promissor, não mais de recessão, saindo dessa recessão e caminhando para um plano de crescimento mais estável e mais seguro.”

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