Economia

Tesouro Direto registra décimo mês seguido de saques

Em abril, o resgate líquido havia sido de R$ 60,29 milhões e, em maio do ano passado, o programa registrou emissão líquida de R$ 690,73 milhões

Tesouro Direto: no mês passado, negociação de títulos no programa foi suspensa várias vezes (Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas)

Tesouro Direto: no mês passado, negociação de títulos no programa foi suspensa várias vezes (Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas)

AB

Agência Brasil

Publicado em 22 de junho de 2018 às 16h43.

Última atualização em 22 de junho de 2018 às 17h55.

Brasília - A instabilidade no mercado financeiro nas últimas semanas fez os pequenos investidores continuarem a se desfazer dos papéis do governo. Em maio, as retiradas do Tesouro Direto, programa de venda de títulos públicos a pessoas físicas pela internet, superaram os ingressos em R$ 107,4 milhões.

Foi o décimo mês seguido de resgates líquidos. Desde agosto do ano passado, os investidores resgataram R$ 3,116 bilhões a mais do que compraram.

No mês passado, as vendas de títulos públicos somaram R$ 1,246 bilhão. Os resgates, no entanto, totalizaram R$ 1,354 bilhão. Desse total, a maior parte, R$ 1,307 bilhão decorreu da recompra de títulos públicos pelo Tesouro, que foram impulsionadas nas últimas semanas por causa da turbulência nos mercados, e R$ 46,7 milhões vieram de vencimentos (papéis cujo prazo acabaram, fazendo o Tesouro reembolsar os investidores com juros).

O estoque total do Tesouro Direto somou R$ 48,1 bilhões no fim de maio, alta de 0,6% sobre abril (R$ 47,8 bilhões) e de 5,5% em relação a maio do ano passado (R$ 45,6 bilhões). Apesar do resgate líquido dos últimos meses, o estoque cresceu por causa do rendimento dos papéis.

Desde o fim de maio, as vendas do Tesouro Direto têm sido paralisadas por diversos dias. Segundo o Tesouro Nacional, a suspensão dos leilões é necessária para proteger os investidores das turbulências do mercado. Além da paralisação dos caminhoneiros, que provocou desconfiança no sistema financeiro, o aumento do dólar decorrente do agravamento das tensões internacionais e da perspectiva de altas adicionais dos juros nos Estados Unidos interferiram no funcionamento do mercado nas últimas semanas.

No mês passado, o título mais comprado pelos investidores foram os papéis corrigidos pela Selic (juros básicos da economia), que concentraram 42,3% das vendas em maio. Os atrelados à inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) representaram 35,4% das vendas. Os papéis prefixados, com juros definidos com antecedência no momento da venda, corresponderam a 22,3%.

Os investidores continuam preferindo papéis de prazo mais curto. Os títulos de um a cinco anos concentraram 48,3% das vendas. Os papéis de cinco a dez anos corresponderam a 27,3%, e os papéis de mais de dez anos de prazo representaram apenas 24,4%.

O Tesouro Direto continua com foco nos pequenos investidores. Em maio, 82,6% das vendas se concentraram na faixa de até R$ 5 mil por operação. No mês passado, 82.041 novos participantes aderiram ao programa, fazendo o total de investidores cadastrados atingir 2.209.928, alta de 54,3% nos últimos 12 meses. O número de investidores ativos (com operações em aberto) somou 609.295, aumento de 23,6% nos últimos 12 meses.

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