O ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante coletiva à imprensa fala sobre as novas regras da Caderneta de Poupança (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Da Redação
Publicado em 22 de maio de 2012 às 16h19.
Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reiterou que a alta do dólar pode ter efeitos colaterais sobre a inflação, mas o repasse será limitado. "Todo remédio tem efeito colateral, mas você não deixa de tomar o remédio", afirmou. "Uma consequência (da desvalorização do real) é uma pequena elevação da inflação, mas isso é muito pequeno."
A queda no preço das commodities vai compensar parte desse efeito sobre a inflação, estimou Mantega. "Podemos trabalhar com a taxa de câmbio mais elevada, porque isso ajuda a indústria."
O ministro afirmou que as mudanças na área cambial conseguiram defender o País de políticas adotadas por outros países, como a China e outras economias asiáticas. "Atuamos sobre o câmbio para mudar seu patamar. Desde janeiro ganhamos 20% de competitividade", declarou, referindo-se à variação da cotação da moeda no período.
Mantega participou nesta terça-feira de audiência pública da Comissão Mista da Medida Provisória 567, que trata das mudanças na caderneta de poupança.
Inadimplência
Durante a audiência no Senado, Mantega havia informado que o governo estuda medidas para reestruturar a inadimplência. Na sequência, em entrevista a jornalistas, explicou o que significa essa reestruturação. "Significa você permitir que, a quem tem uma dívida, possa o banco reestruturar, dar um novo empréstimo. Mas a gente (o governo) tem que suspender ou diferir os impostos que são pagos no ato em que você faz a renegociação."
Segundo ele, atualmente a regra dificulta a operação, porque o devedor tem que pagar todos os impostos de uma só vez. Questionado se seria uma desoneração, respondeu: "Não é desonerar. É diferir. Em vez de pagar tudo junto, no dia em que você faz a quitação, você paga ao longo dos pagamentos efetivamente feitos."
Geração de emprego
Na avaliação do ministro, a geração de postos de trabalho no Brasil será menor este ano, embora as taxas de desemprego continuem baixas. "Quem já gerou mais emprego do que esse modelo econômico que implantamos aqui?
Faltou mão-de-obra. Este ano, vamos gerar um pouco menos de emprego, mas não tem problema, porque não temos mão-de-obra para isso, estamos importando mão-de-obra." O ministro lembrou que o País tem o menor nível de desemprego de todos os tempos.
Bola da vez
O ministro da Fazenda declarou ainda que a grande distorção que resiste na economia brasileira são os altos spreads bancários. "Essa é a bola da vez. Ela tem de ser eliminada. Não é fácil, mas temos apoio da grande maioria da população", afirmou. "Vamos ser vitoriosos nessa questão. Vamos conseguir reduzir esses spreads e taxas de juros. Será um passo decisivo para a normalidade."