Moedas de real: para o presidente do Ipea, os resultados foram positivos e são sustentáveis (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de dezembro de 2012 às 16h51.
Brasília - A renda domiciliar per capita dos brasileiros cresceu acima das expectativas de desenvolvimento econômico do país neste ano. O dado é do Comunicado 2012: Desenvolvimento Inclusivo Sustentável, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo o estudo, a qualidade de vida cresceu mais no Brasil do que o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país). Isso indica que, apesar do chamado “pibinho” de 2012, o aumento da renda, a diminuição da desigualdade e os indicadores de felicidade mostram que os aspectos sociais brasileiros estão em pleno crescimento.
Enquanto a expectativa de crescimento do PIB brasileiro é 1,03%, conforme pesquisa do Banco Central com instituições financeiras, os indicadores sociais analisados pelo Ipea mostram que a renda per capita cresce a uma média de 4,89% em 2012.
Segundo o presidente do Ipea, Marcelo Neri, o setor financeiro estima para este ano crescimento do PIB per capita em torno de 1%, o que, com o aumento da população, acaba sendo igual a zero. Para ele, as variações mostradas na pesquisa do instituto são a prova de que, diferentemente do que prevê o Banco Central, o crescimento não desacelerou. "Enquanto, nas contas nacionais, o Brasil estagnou, a renda vem crescendo mais rápido e com um desempenho tão forte quanto no período anterior. O país continua avançando às mesmas taxas que vinha antes.”
O estudo do Ipea segue as recomendações do Relatório Stiglitz-Sen, constituído em 2008 a pedido do então presidente da França, Nicolas Sarkozy, com o objetivo de encontrar uma maneira alternativa ao PIB para medir o crescimento de um país. Segundo o relatório, a riqueza deve ser medida pela renda e pelo consumo das famílias, pela distribuição, pelo estoque de riqueza e por medidas subjetivas de bem-estar.
O instituto usou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), até 2011 e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) até outubro deste ano. Segundo a média do Pnad, o crescimento da renda per capita brasileira ficou em 40,69% de 2003 a 2011. Pela mediana, que desconsidera extremos que podem alterar o resultado, o crescimento foi maior, de 65,88%. Já o PIB per capita aumentou 27,70% no período.
Pela PME, observou-se crescimento de outubro de 2011 a outubro de 2012, período em que a economia brasileira desacelerou. O crescimento da renda alcançou média de 6,8% e mediana de 8,7%. Nesse período, a renda per capita da Previdência cresceu 6,14% e a renda do Bolsa Família, 12,19%.
Outro aspecto analisado pelo Ipea foi a desigualdade. Seguindo os parâmetros do índice de Gini – quanto mais próximo de zero, menos concentrados são os rendimentos – o Brasil passou de 0,539 em 2009 para 0,527 em 2011 e, este ano, atingiu 0,522. “A média não desacelerou. O que observamos agora é uma alta taxa de crescimento da renda de grupos tradicionalmente excluídos. Mulheres, negros, pobres e analfabetos tiveram crescimento maior que os outros grupos”, ressaltou Neri.
De 2011 a 2012, quando o crescimento total da renda observado foi, na média, 4,89%, para as mulheres, houve aumento em média 6,53%, para os pretos e pardos, 7,07%, para os moradores de periferia, também 7,07% e para pessoas com menos de um ano de estudo, 8,44%.
Para o presidente do Ipea, os resultados foram positivos e são sustentáveis. O risco de uma pessoa ter a renda reduzida e passar a ganhar menos que a mediana de renda per capita brasileira é, no período de 2011 a 2012, 12,09%. A chance de ascender socialmente e ganhar mais que a mediana é 30,11%.