Dívida pública deve continuar a crescer até 2030, diz pesquisa
Da Redação
Publicado em 28 de abril de 2020 às 06h22.
Última atualização em 28 de abril de 2020 às 15h21.
Os gastos públicos para proteger o país da pandemia do novo coronavírus são transitórios, mas o impacto desses repasses – indiscutivelmente necessários e urgentes, – na dívida da União deve ficar por um tempo. Mais um degrau da evolução desse cenário será visto nesta terça-feira, 28, no relatório mensal da dívida pública federal de março, publicado pelo Tesouro Nacional.
Em fevereiro, a dívida pública bruta cresceu pelo segundo mês consecutivo, para 76,1% do PIB ante 76,5% do PIB em janeiro. A tendência daqui para frente é que a dívida continue a crescer até 2030. De acordo com o Instituto Fiscal Independente, as medidas de enfrentamentos ao vírus devam acelerar o endividamento ao patamar de 100,2% do PIB em 10 anos.
A expectativa do Tesouro, porém, leva em conta dois cenários: no melhor deles, no qual a economia contrai apenas 1% em 2020, a dívida bruta do governo vai a 86,4% do PIB. Num cenário de maior estresse, com queda de 5% no PIB, esta relação atingiria 90,8% do PIB. De qualquer forma, segundo o secretário Mansueto Almeida, “não passa de 100% do PIB em 2020”.
A trajetória da dívida é observada de perto pelo mercado financeiro, pois indica a capacidade do país de honrar suas obrigações financeiras com os credores. Em outubro do ano passado, a dívida pública havia atingido seu pior momento: 80% do PIB. Foi nesse mesmo mês em que a reforma da Previdência foi aprovada no Senado e a redução no ritmo de crescimento dos gastos, da ordem de 856 bilhões de reais ao longo de uma década, permitiria estabilizar a dívida pública.
Em seu melhor momento da história recente, dezembro de 2013, a dívida brasileira era de 51,5% do PIB. Em apenas seis anos, houve um aumento de 30 pontos percentuais. O retorno a esse patamar dependerá da continuidade da política de austeridade fiscal logo após o fim da pandemia e da aprovação de reformas fiscais pelo Congresso. Será um longo caminho de volta aos números que o Brasil tinha atingido antes da crise causada pelo coronavírus-19.