Economia

Oxfam aponta alta na riqueza de bilionários e perda entre os mais pobres

Relatório nota que no Brasil, os 10% mais pobres da população dedicam ao pagamento de impostos uma porcentagem maior da renda do que os 10% mais ricos

Retrato da desigualdade urbana no Morumbi, em São Paulo (SP) (Tuca Vieira/Wikimedia Commons/Divulgação)

Retrato da desigualdade urbana no Morumbi, em São Paulo (SP) (Tuca Vieira/Wikimedia Commons/Divulgação)

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EFE

Publicado em 21 de janeiro de 2019 às 10h43.

Última atualização em 21 de janeiro de 2019 às 10h58.

Madri- A fortuna dos bilionários cresceu 12% em 2018, a um ritmo de US$ 2,5 bilhão por dia, enquanto a riqueza da metade mais pobre da população mundial, cerca de 3,8 bilhão de pessoas, reduziu 11%, revela um relatório publicado nesta segunda-feira pela "Oxfam".

O documento, intitulado "Bem público ou riqueza privada" e apresentado um dia antes do início do Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça), mostra como essa lacuna põe em perigo a luta contra a pobreza, prejudica as economias e alimenta a indignação no mundo todo.

Os Governos, explica a "Oxfam", exacerbam a desigualdade "ao não dotar os serviços públicos, como educação e saúde, do financiamento necessário; ao conceder benefícios fiscais às grandes empresas e aos mais ricos, e ao não conter a evasão fiscal".

Além disso, "a crescente desigualdade econômica afeta especialmente mulheres e crianças", acrescenta a ONG em comunicado.

"O tamanho da sua conta bancária não deveria determinar os anos que permanece na escola e nem sua expectativa de vida (...) As grandes empresas e os super ricos desfrutam de baixos impostos enquanto milhões de crianças não têm direito à educação e muitas mulheres morrem por falta de acesso a serviços de atenção materna", afirma Winnie Byanyima, diretora-executiva da ONG.

O relatório explica que "se 1% dos mais rico pagassem apenas 0,5% a mais de impostos sobre sua riqueza, poderia ser arrecadado mais dinheiro do que o necessário para escolarizar 262 milhões de pessoas que agora não têm acesso à educação, e proporcionar assistência médica para salvar a vida de 3,3 milhões de pessoas".

"Em alguns países, como no Brasil, os 10% mais pobres da população dedicam ao pagamento de impostos uma porcentagem maior de seus ingressos do que os 10% mais ricos", revelou a Oxfam.

Na América Latina e no Caribe, enquanto aumentou a riqueza dos bilionários, a pobreza extrema continuou crescendo, alcançado seu nível mais alto desde 2008 e afetando 62 milhões de pessoas, que conformam 10,2% da população.

Nessa zona do mundo, a fortuna dos bilionários aumentou 10% em 2018 (US$ 36 bilhões) e chegou a US$ 414 bilhões, um montante maior ao PIB de quase todos os países da região, exceto Brasil, México e Argentina.

"Os 10% mais ricos pagam só 4,8% de impostos sobre a renda, embora deveriam pagar na média 28%", assegura "Oxfam".

A ONG acrescentou que "com o dinheiro que as empresas deixam de pagar a cada ano por benefícios fiscais seria possível contratar 93 mil médicos na Guatemala e 349 mil no Brasil, construir 120 mil casas na República Dominicana ou 70 mil no Paraguai e contratar 94 mil docentes na Bolívia ou 41 mil em El Salvador".

Além disso, "os serviços públicos sofrem um déficit crônico de financiamento ou terceirizam empresas privadas que excluem as pessoas mais pobres".

"A cada dia morrem 10 mil pessoas por não poder pagar por atendimento sanitário, enquanto nos países em desenvolvimento, uma criança de uma família pobre tem duas vezes mais probabilidades de morrer antes de atingir os 5 anos do que uma criança de uma família rica", adverte Oxfam.

Além disso, a redução fiscal beneficia sobretudo os homens, que "possuem 50% mais riquezas que as mulheres em nível global e controlam mais de 86% das grandes empresas".

"Por outro lado, quando os serviços públicos são descuidados, são as mulheres e as crianças em situação de pobreza as que mais sofrem as consequências", segundo a Oxfam, que estima que "se uma única empresa se encarraegasse de realizar o trabalho de cuidados não remunerado feito pelas mulheres de todo o mundo, o seu faturamento anual ascenderia a US$ 10 trilhões, 43 vezes mais que do que o da Apple, a maior empresa do mundo".

"No mundo todo há cada vez mais pessoas frustradas e zangadas. Os Governos deveriam atuar imediatamente para conseguir mudanças reais (...) construir um futuro mais promissor para todos e não só para uma minoria privilegiada", alertou Byanyima.

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