Economia

Reino Unido vai de melhor a pior crescimento do G7 em 4 anos

Uma boa parte da culpa pode ser depositada na incerteza causada pelo Brexit (a decisão, em junho de 2016, de sair da União Europeia)

Líderes do G7 após assinarem acordo contra o terrorismo em encontro na Itália em 26/05/2017 (Guido Bergmann/Courtesy of Bundesregierung/Handout/Reuters)

Líderes do G7 após assinarem acordo contra o terrorismo em encontro na Itália em 26/05/2017 (Guido Bergmann/Courtesy of Bundesregierung/Handout/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 22 de setembro de 2017 às 12h50.

Última atualização em 22 de setembro de 2017 às 13h10.

São Paulo - O Reino Unido foi do céu ao inferno em termos de crescimento na comparação com seus colegas do G7.

Em 2014, o PIB britânico cresceu impressionantes 3,1%, na frente até de Estados Unidos (2,4%) e Canadá (2,6%) e muito acima de seus colegas europeus Itália (0,2%) e França (0,7%).

Em 2016, o cenário já estava mais equilibrado com todos os membros do grupo com crescimento situado na faixa entre 1% (Itália e Japão) e 1,9% (Alemanha, a nova líder).

Mas a previsão mais recente da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para 2018, divulgada nesta semana, é de uma transição geral para patamares mais altos de crescimento.

Com exceção dos britânicos, agora relegados para o piso de crescimento do G7. Veja na tabela:

201420162017 (est.)2018 (est.)
Estados Unidos2,4%1,5%2,1%2,4%
Canadá2,6%1,5%3,2%2,4%
Alemanha1,6%1,9%2,2%2,1%
França0,7%1,1%1,7%1,6%
Itália0,2%1,0%1,4%1,2%
Japão0,3%1,0%1,6%1,2%
Reino Unido3,1%1,8%1,6%1,0%

Uma boa parte da culpa pode ser depositada na incerteza causada pelo Brexit (a decisão, em junho de 2016, de sair da União Europeia).

"A depreciação da libra esterlina melhorou de forma modesta as perspectivas de exportação, mas também pressionou a inflação, moderando o poder de compra e o consumo privado", diz o relatório da OCDE.

A taxa de desemprego está em baixa histórica, mas nem salários nem produtividade estão reagindo, e o Bank of England surpreendeu ao avisar que deve precisar subir os juros.

O processo de negociar os termos do Brexit tem prazo de 2 anos e começou oficialmente em março, mas ninguém sabe qual será o acordo final.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, que tentou uma eleição surpresa para se fortalecer e acabou enfraquecida, fez hoje um discurso em Florença para expor suas posições para a Europa. Mas o drama segue entre quatro paredes.

O site Politico informou recentemente que Michel Barnier, o principal negociador do lado europeu, costuma dizer privadamente a políticos e executivos europeus que o processo será longo, doloroso e custoso para o Reino Unido.

É fácil entender o porquê. Na pior das hipóteses, o país deixará o bloco sem qualquer acesso privilegiado ao mercado europeu - uma perda forte para uma economia globalizada e de serviços, como a britânica.

Uma pesquisa recente do banco suíço UBS com 1.200 executivos da zona do euro mostrou uma vontade grande de tirar operações do Reino Unido após o Brexit.

15% das empresas do euro hoje em solo britânico tem a intenção de tirar todos seus funcionários enquanto 28% pretendem retirar "uma grande parte" da sua equipe atual.

Um Brexit no caminho errado pode ter até o potencial de disparar uma crise financeira, de acordo com relatório recente do Deutsche Bank.

"Ao longo da maior parte da história, tendemos a pensar que a conciliação é sempre o resultado mais provável quando tais diferenças existem e quando existe uma chance de destruição mutuamente assegurada. O exemplo extremo é a Segunda Guerra Mundial, quando ninguém realmente esperava guerra nas semanas e meses antes que ela chegasse. O quão espetacularmente errada era aquela suposição", diz o texto.

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