Economia

Reino Unido quer acordo de livre comércio urgente com Mercosul, diz Guedes

Segundo o ministro da Economia, com o Brexit, os britânicos querem mergulhar "numa piscina nova"

Mercosul: o bloco sul-americano fechou um tratado comercial com a União Europeia no ano passado, que ainda precisa de ratificação parlamentar (Mtcurado/Getty Images)

Mercosul: o bloco sul-americano fechou um tratado comercial com a União Europeia no ano passado, que ainda precisa de ratificação parlamentar (Mtcurado/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 22 de janeiro de 2020 às 17h43.

Última atualização em 22 de janeiro de 2020 às 17h51.

Davos — O Reino Unido tem interesse em iniciar negociações para um acordo de livre comércio com o Mercosul logo após a concretização do Brexit, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, que se reuniu nesta quarta-feira em Davos com seu colega britânico das Finanças, Sajid David.

- Nós queremos e eles querem - resumiu Guedes, ao fazer um balanço de suas atividades do dia no Fórum Econômico Mundial.

O bloco sul-americano fechou um tratado comercial com a União Europeia no ano passado, que ainda precisa de ratificação parlamentar. Com o Brexit, o Reino Unido ficaria de fora da redução mútua de tarifas de importação  e precisaria negociar do zero novos acordos.

- Ele [David] me disse que tem urgência com o Brasil. Os britânicos querem mergulhar numa piscina nova - comentou o ministro.

De acordo com Guedes, o Brasil está determinado a levar adiante um processo de abertura comercial.

- Nós pressupomos que a Argentina vai nos acompanhar. Se ela não acompanhar... - brincou, sem completar a frase.

Para o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Marcos Troyjo, que acompanhou Guedes na maioria das reuniões, um acordo de livre comércio Mercosul-Reino Unido tende a ter uma negociação menos complicada porque é hoje o país menos protecionista da Europa.

Troyjo acrescentou que o Brasil já pode avançar com os britânicos, isolada e independentemente dos demais sócios no bloco sul-americano, sobre temas não tarifários.

David também garantiu apoio “enfático” de Londres à entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), segundo Guedes. Ambos falaram ainda sobre a possibilidade de um acordo bilateral para evitar a dupla cobrança de impostos, o que diminui a carga tributária de empresas de um país instaladas em outro.

O ministro esteve nesta quarta com o comissário de Comércio da UE, Phil Hogan, que transmitiu o compromisso de engajamento de Bruxelas com a assinatura do acordo de livre comércio com o Mercosul. “Está indo tudo bem com o acordo, existe uma maioria [de países] favorável, há um outro ou outro problema, mas vamos superar”, teria afirmado Hogan, segundo relato do próprio Guedes.

*Enviado especial a Davos

Acompanhe tudo sobre:DavosPaulo GuedesReino Unido

Mais de Economia

Alckmin entra hoje no terceiro dia de conversas com setores afetados por tarifa de Trump

Índice Big Mac: real está 28,4% subvalorizado e tarifas de Trump já pressionam consumidores globais

Senado aprova em 1º turno projeto que tira precatórios do teto do arcabouço fiscal

Moraes mantém decreto do IOF do governo Lula, mas revoga cobrança de operações de risco sacado