Economia

Reino Unido proibirá venda de carros a gasolina e diesel a partir de 2035

O país se comprometeu, por lei, a alcançar a neutralidade de carbono até 2050, o que exigirá uma combinação de cortes nas emissões de gases do efeito estufa

Boris Johson: veículos a gasolina e diesel não poderão mais ser vendidos no Reino Unidos a partir de 2035 (Jeremy Selwyn/Reuters)

Boris Johson: veículos a gasolina e diesel não poderão mais ser vendidos no Reino Unidos a partir de 2035 (Jeremy Selwyn/Reuters)

A

AFP

Publicado em 4 de fevereiro de 2020 às 14h04.

Última atualização em 4 de fevereiro de 2020 às 14h33.

A partir de 2035, o governo do Reino Unido proibirá a venda de novos veículos a gasolina e a diesel, incluindo os híbridos, como parte dos esforços para alcançar a neutralidade de carbono - anunciou o primeiro-ministro Boris Johnson, em Londres, nesta terça-feira (4).

Johnson participou de um evento de apresentação da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática 2020, a COP26, que acontecerá na cidade escocesa de Glasgow em novembro.

Organizada de última hora em Madri depois que o Chile teve que desistir de sediá-la em razão dos violentos protestos que sacudiram o país, a COP25 foi - segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres - uma "oportunidade perdida" de mostrar maior ambição na redução das emissões de gases causadores do efeito estufa.

O Reino Unido se comprometeu, por lei, a alcançar a neutralidade de carbono até 2050, o que exigirá uma combinação de cortes nas emissões de gases do efeito estufa e medidas de compensação, como plantar mais árvores.

O país já havia previsto acabar com a venda de veículos a gasolina e diesel em 2040, mas agora a proibição será antecipada em cinco anos e passa a incluir os veículos híbridos.

"A realização da COP26 é uma importante oportunidade para que o Reino Unido e as nações de todo mundo deem um passo adiante na luta contra a mudança climática", disse Johnson.

"Ao mesmo tempo em que estabeleceremos, ao longo do ano, os planos para alcançar nosso ambicioso objetivo de neutralidade de carbono até 2050, vamos incentivar outros que se unam a nós no compromisso de zero emissão", completou.

"2020 deve ser o ano em que mudamos a tendência sobre o aquecimento global, será o ano em que escolhemos o futuro mais limpo e mais verde para todos", insistiu.

Em um anúncio paralelo, a indústria aeronáutica também prometeu nesta terça buscar a neutralidade de carbono até 2050, graças a projetos de aviões menos poluentes, que ainda não existem, e a polêmicos mecanismos de compensação, denunciados pelas ONGs como medidas cosméticas.

A organização Sustainable Aviation - que inclui, entre outros, o aeroporto londrino de Heathrow, as companhias aéreas British Airways e EasyJet, as fabricantes Airbus e Boeing e a fabricante de motores de avião Rolls-Royce - garantiu que pode cumprir a meta estabelecida pelo governo britânico, apesar do crescimento de 70% do tráfego aéreo previsto nos próximos 30 anos.

O presidente da associação automobilística britânica AA, Edmund King, considerou o novo objetivo de venda de automóveis um desafio.

"Devemos questionar se teremos suprimento suficiente de veículos de zero emissão em menos de 15 anos", completou.

Também pediu ao governo que reduza o imposto sobre as vendas de veículos elétricos para torná-los mais acessíveis.

Várias ONGs ambientalistas criticaram o anúncio. A presidente do The Climate Group, Helen Clarskon, disse que essa transição poderia ser feita "antes", e o Greenpeace pediu "atos", além de "boas intenções".

Para os ativistas do movimento Extinction Rebellion, que protestaram perto do local onde Johnson proferiu seu discurso, "a COP26 está programada para ser um fracasso".

Acompanhe tudo sobre:CarrosGasolinaÓleo dieselReino Unido

Mais de Economia

China e Brasil: Destaques da cooperação econômica que transformam mercados

'Não vamos destruir valor, vamos manter o foco em petróleo e gás', diz presidente da Petrobras

Governo estima R$ 820 milhões de investimentos em energia para áreas isoladas no Norte

Desemprego cai para 6,4% no 3º tri, menor taxa desde 2012, com queda em seis estados