Economia

Reformas terão "alta intensidade" no novo governo, afirma Haddad

Haddad disse ver receptividade tanto na Câmara quanto no Senado em relação à agenda do governo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, assume o cargo em cerimônia no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, assume o cargo em cerimônia no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de janeiro de 2023 às 13h55.

Última atualização em 30 de janeiro de 2023 às 14h06.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira, 30, em encontro com empresários da indústria paulista, que as reformas terão "alta intensidade" no novo governo. Ao participar da reunião de diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Haddad disse ver receptividade tanto na Câmara quanto no Senado em relação à agenda do governo. "Não vejo intenção de postergar aquilo que precisa ser discutido", declarou.

Depois de citar as três agendas prioritárias do governo — fiscal, crédito e regulatória —, Haddad considerou ser "natural" a ansiedade em relação aos anúncios do presidente Lula nessas frentes.

O ministro da Fazenda disse também que o governo vai "desengavetar" iniciativas de democratização do crédito do Banco Central (BC) que estavam paradas no governo anterior.

Ele afirmou que o assunto foi discutido com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, antes de sua participação na reunião de diretoria da Fiesp. O objetivo, adiantou, é melhorar o ambiente de crédito diante da "trava" do aumento dos juros básicos, a Selic.

"A Selic é uma trava para todos nós e para a democratização do crédito, mas sabemos do potencial que isso teria na economia brasileira", declarou o ministro ao falar das medidas na Fiesp.

Reforma tributária e arcabouço fiscal

Haddad disse também que vê uma oportunidade para aprovação da reforma tributária, assim como de um novo arcabouço fiscal, importante, segundo ele, para pacificar o Brasil num "front delicado". "Em relação a finanças públicas, a pressão está nas mesas do Tesouro e do Banco Central diariamente, fora o terrorismo", disse o titular da Fazenda, referindo-se às críticas do mercado em torno das incertezas nas contas públicas.

O ministro afirmou que a reforma tributária vai replicar as melhores experiências internacionais. "A ideia é copiar o que deu certo no mundo em reforma tributária", disse. Aos empresários da indústria paulista, Haddad elogiou o trabalho do secretário extraordinário da reforma tributária, Bernard Appy: "Nunca vi um trabalho tão bem-feito."

Cobrado na Fiesp a desonerar a indústria, o ministro considerou não ser pouco a redistribuição da carga de impostos, o que beneficiará os industriais, na reforma.

"Sem resolver a reforma tributária, vejo dificuldade em ver qualquer outra iniciativa dar certo no rumo da reindustrialização. Não vejo, no curto prazo, nada mais impactante do que isso", comentou Haddad.

Ele também ressaltou aos empresários da indústria que o novo governo não reonerou o imposto sobre produtos industrializados (IPI), cujas alíquotas tiveram redução no governo anterior. "Poderíamos ter reonerado o IPI e não reoneramos."

Segundo o ministro, havia ambiente para aprovação da reforma tributária já no ano passado, porém o governo anterior falhou na estratégia ao colocar no debate um imposto sobre transações eletrônicas como forma de financiar a desoneração da folha de pagamentos.

"Não houve vontade política de aprovar a reforma tributária. Havia entendimento na Câmara e no Senado de que a reforma estava no caminho certo", disse Haddad.

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