Economia

Barbosa é visto como o oposto do ex-ministro Joaquim Levy

O primeiro grande desafio do novo ministro da Fazenda será ganhar credibilidade junto ao mercado


	Nelson Barbosa: “ele é um dos pais da nova matriz econômica”, diz especialista
 (José Cruz/ABr)

Nelson Barbosa: “ele é um dos pais da nova matriz econômica”, diz especialista (José Cruz/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de dezembro de 2015 às 20h36.

O primeiro grande desafio do novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, será ganhar credibilidade junto ao mercado, após sua imagem ficar ligada a posições menos ortodoxas nas suas duas últimas passagens pelo governo, no 1º e no 2º mandato de Dilma Rousseff.

“A história pesa”, diz o economista Jose Márcio Camargo, economista-chefe da Opus Gestão de Recursos e professor da PUC- RJ. Não adianta apenas o novo ministro falar que vai manter o ajuste fiscal.

“Ele é um dos pais da nova matriz econômica”, diz Camargo, sobre a política tocada pelo ex-ministro Guido Mantega e que teria sido responsável pela combinação de alta inflação e crescimento estagnado do 1º mandato de Dilma Rousseff.

Para o mercado, pesa ainda contra Barbosa o fato de ele ter sido visto do lado oposto de Levy nas discussões sobre política econômica. Sempre que questões como o orçamento ou a meta fiscal eram discutidas, Levy defendia mais cortes de gastos e superávit maior comparativamente ao então colega do Planejamento. ”O Barbosa esteve sempre defendendo menos equilíbrio fiscal, sempre do lado menos duro”, diz o economista.

A S&P cortou o rating brasileiro para junk em setembro após o governo cortar a meta fiscal de 2016, passando a admitir possibilidade de déficit. Barbosa foi apontado como defensor da medida, em oposição a Levy, que insistia no superávit.

O risco Brasil medido pelo CDS de 5 anos chegou a passar de 500 pontos nesta manhã. Enquanto o dólar volta a testar o nível de R$ 4,00, os juros futuros mais longos disparam. A troca de ministros, segundo Camargo, aumenta os riscos em geral para a economia. Num primeiro momento, significa risco Brasil em alta, o que se traduz em pressão sobre câmbio e a inflação, levando à alta dos dos juros futuros.

Este cenário, em tese, deveria aumentar as apostas em alta da Selic. Não elevar os juros seria um grande risco, agravando ainda mais a perda de credibilidade da política econômica. “Se o BC não subir o juro, o mercado vai interpretar como interferência do novo ministro”, diz Camargo.

Para reverter a baixa credibilidade, o novo ministro vai ter de agir. Medidas impopulares, como uma reforma da Previdência que imponha idade mínima para aposentadoria e a redução dos reajustes para o salário mínimo e servidores, teriam de ser enviadas ao Congresso. Mas não basta apenas enviar os projetos ao Congresso, diz o economista.

“O governo terá de mostrar que vai lutar pela aprovação das reformas.”

Acompanhe tudo sobre:EconomistasMinistério da FazendaNelson Barbosa

Mais de Economia

Governo reduz contenção de despesas públicas de R$ 15 bi para R$ 13 bi e surpreende mercado

Benefícios tributários farão governo abrir mão de R$ 543 bi em receitas em 2025

“Existe um problema social gerado pela atividade de apostas no Brasil”, diz secretário da Fazenda

Corte de juros pode aumentar otimismo dos consumidores nos EUA antes das eleições