Economia

Reforma Tributária: Câmara deve manter benefício a liberais; veja outros pontos em discussão

Ficou acertado com o Senado que serão suprimidas do texto profissões literárias e artísticas, segundo interlocutores envolvidos nas discussões

Lira tenta acordo para votar a proposta nesta sexta-feira (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

Lira tenta acordo para votar a proposta nesta sexta-feira (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 15 de dezembro de 2023 às 12h28.

A Câmara dos Deputados deve manter o regime diferenciado para os profissionais liberais, como advogados, médicos, engenheiros e contadores, na votação da Reforma Tributária, prevista para esta sexta-feira no plenário.

Essas categorias terão redução de 30% na alíquota geral. Contudo, ficou acertado com o Senado que serão suprimidas do texto profissões literárias e artísticas, segundo interlocutores envolvidos nas discussões.

Esses era um dos temas que estavam em aberto e que dependiam de negociações entre a Câmara e o Senado.

A reforma foi aprovada na Câmara e no Senado, mas voltou para análise dos deputados porque os senadores fizeram modificações no texto. O relator da proposta na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), está negociando as pendências com líderes dos partidos e com o relator no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM).

As negociações continuam.

Veja outros pontos que devem constar no relatório do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e que foram discutidos com líderes dos últimos dias.

Zona Franca de Manaus

O texto aprovado pelo Senado determina a cobrança da Cide (imposto) sobre bens similares aos produzidos na Zona Franca para manter as vantagens da região. Esse dinheiro seria destinado para a própria Zona Franca.

São avaliadas duas possibilidades. Uma delas é manter o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para produtos similares aos da Zona Franca, fabricados em outros estados, até 2073. A reforma hoje acaba com o IPI. Outra possibilidade é manter a Cide, mas retirar um parágrafo que diz que a destinação da arrecadação da Cide para a Zona Franca.

Combustíveis produzidos na Zona Franca

A redução de imposto sobre combustíveis produzidos na Zona Franca, regime favorecido para quem compra o produto da região, depende da forma como a Cide for resolvida no texto.

Concessões de saneamento básico

O regime diferenciado para o setor deve ser suprimido do texto do Senado. A justificativa do Senado é evitar aumento de tarifa para a população.

Concessão de rodovias

O regime diferenciado para rodovias que cobram pedágio deve ser suprimido do texto na Câmara.

Produtos de higiene pessoal de limpeza

O Senado também estabeleceu alíquota reduzida para produtos de higiêne pessoal, como água sanitária e sabão, consumidos por famílias de baixa renda, com alíquota reduzida de 60%. Deve ser retirado do texto o conceito "baixa renda", o que amplia o acesso para a população em geral.

Cesta básica estendida

A cesta básica nacional terá alíquota zerada. O Senado, por sua vez, criou a cesta básica estendida, com redução da alíquota. O conceito de cesta básica estendido deve ser suprimido do texto.

Para Aguinaldo, eventual necessidade adicional de amenizar o efeito da reforma sobre o bolso das famílias poderá ser resolvida via "cashback", mecanismo de devolução de tributos para consumidores de baixa renda.

Montadoras

Aguinaldo vai manter a prorrogação do benefício para montadoras do Norte, Nordeste e Centro-Oeste até 2032, de acordo com parlamentares. Apesar disso, foi negociada com o PL a apresentação de um destaque que pode derrubar esse trecho da Reforma Tributária. Esse dispositivo foi inserido no Senado e desagradou a outros estados.

Auditores fiscais

A permissão para que estados e municípios possam aprovar leis para igualar remuneração da categoria aos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) deve sair do texto. A medida é considerada sensível porque governadores e prefeitos podem ser pressionados a aumentar salários dessa categoria.

Poder dos estados

Também deve sair do texto os dispositivos que dão poderes ao Senado para definir a alíquota dos novos tributos sobre combustíveis e para sabatinar e aprovar o nome do presidente do comitê gestor do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que reunirá o ICMS e o ISS.

O relator ainda vai suprimir a regra que estabelece que a participação média dos estados na arrecadação total entre 2024 e 2028 será usada como referência para calcular a distribuição dos recursos no futuro. Governadores têm essa regra para pedir aumento do ICMS agora, como forma de obter uma fatia maior do tributo no futuro.

O que diz a reforma

A Reforma Tributária foi aprovada no Senado em novembro, depois de uma primeira passagem pela Câmara. Ela une os cinco impostos sobre consumo: PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI. Na prática o consumidor passará a pagar uma alíquota, o IVA, que será divido em dois no momento do recolhimento: Imposto sobre Bens e Serviços (CBS), que será direcionado para União e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que irá para estados e municípios.

Se não houver mudanças no mérito do texto e apenas trechos forem retirados, a matéria não precisa voltar para o Senado e segue direto para a promulgação. A alíquota padrão do IVA estimada pelo Ministério da Fazenda quando o texto saiu pela primeira vez da Câmara era entre 26,5% e 27%. Após a aprovação da PEC pelo Senado, o valor do tributo subiu para 27,5%.

Acompanhe tudo sobre:Arthur LiraCâmara dos DeputadosReforma tributária

Mais de Economia

ONS recomenda adoção do horário de verão para 'desestressar' sistema

Yellen considera decisão do Fed de reduzir juros 'sinal muito positivo'

Arrecadação de agosto é recorde para o mês, tem crescimento real de 11,95% e chega a R$ 201,6 bi

Senado aprova 'Acredita', com crédito para CadÚnico e Desenrola para MEIs