Economia

Reforma, crise e economia sob pressão: o FMI começa reuniões com a agenda cheia

Mundo enfrenta uma série de desafios sem precedentes, como o aquecimento global e a eventualidade de uma crise de dívida generalizada

Kristalina Georgieva, do FMI: reuniões começam nesta quinta-feira, 13  (AFP/AFP)

Kristalina Georgieva, do FMI: reuniões começam nesta quinta-feira, 13 (AFP/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 10 de abril de 2023 às 12h15.

As reuniões da primavera (hemisfério norte, outono no Brasil) do FMI e do Banco Mundial (BM) começam na quinta-feira, 13, após a publicação, na terça-feira, das previsões de crescimento mundial, em meio a múltiplas crises e uma economia sob pressão.

O relatório de Perspectivas da Economia Mundial (WEO, em sua sigla em inglês) dará o pontapé inicial às reuniões na sede dos dois organismos em Washington, mas a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, já deu um panorama dos números, com um crescimento econômico mundial abaixo de 3% este ano. Não há surpresa: já na última atualização de perspectivas, em janeiro, o FMI previa um crescimento de 2,9%.

Porém, são os prognósticos a longo prazo que se mostram mais negativos: o FMI prevê que o crescimento econômico mundial não supere uma média anual de 3% até 2028. Trata-se de "nossa perspectiva mais fraca a médio prazo desde 1990".

No final de março, o Banco Mundial se mostrou ainda mais pessimista, com a previsão de uma expansão de atividade de 2,2% anual, em média, até 2030, a década mais fraca em mais de 40 anos.

Trata-se de uma desaceleração importante quando o mundo enfrenta uma série de desafios sem precedentes, entre as consequências do aquecimento global, os riscos de fragmentação do comércio mundial por razões geopolíticas e a eventualidade de uma crise de dívida generalizada.

Para enfrentar estes desafios, muitos países - entre eles a maior potência mundial, Estados Unidos -, reclamam uma reforma das instituições financeiras internacionais (IFI).

Em entrevista à AFP, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, lembrou que "deseja uma reforma das tarefas" destes organismos, em particular do Banco Mundial e suas filiais, para acrescentar o fomento da "resiliência ante as mudanças climáticas, as pandemias e os conflitos como missões centrais".

"Desejamos realizar outras reformas durante o resto do ano. Esta será parte das negociações durante as próximas reuniões do FMI assim como das reuniões anuais do FMI e BM em Marrocos", em outubro próximo, acrescentou Yellen.

Mais países vulneráveis

Esta evolução deveria começar pelo bancos regionais de investimento e no próprio BM, sob a direção de seu próximo presidente, que será certamente o americano Ajay Banga, candidato único.

São mudanças que deveriam ocorrer rapidamente: a transição ecológica dos países emergentes e de baixa renda requer no mínimo um bilhão de dólares por ano, afirmou Kristalina Georgieva, uma soma à qual as IFI não dispõem atualmente para distribuir.

Será necessário que "nossos membros mais ricos ajudem a preencher as lacunas" na arrecadação de fundos, insistiu. Banga quer envolver o setor privado se chegar à direção do BM.

Durante as reuniões de primavera no hemisfério norte estará presente também o tema das recentes turbulências do setor bancário e o risco de desestabilização do setor financeiro, caso a luta contra a inflação leve os bancos centrais a subir ainda mais suas taxas de juros.

Baixar a inflação é a prioridade, insistiu na quinta-feira Georgieva, mas os bancos centrais "devem fazer mais para garantir a estabilidade financeira".

Aumentos constantes das taxas de juros colocam os países de baixa renda mais perto do risco de uma crise da dívida. Já é o caso em 15% deles, afirmou a titular do FMI, e outros 40% podem enfrentar este problema.

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