Economia

Redução de 4% no preço da gasolina pela Petrobras passa a valer hoje

Petrobras cortou em R$ 0,15 o preço da gasolina vendida às distribuidoras em meio à queda na cotação do petróleo

Caminhão em refinaria da Petrobras: redução de mais R$ 0,15 no preço da gasolina vendida às distribuidoras (Diego Vara/Reuters)

Caminhão em refinaria da Petrobras: redução de mais R$ 0,15 no preço da gasolina vendida às distribuidoras (Diego Vara/Reuters)

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Carolina Riveira

Publicado em 29 de julho de 2022 às 06h00.

Última atualização em 29 de julho de 2022 às 10h59.

Passa a valer nesta sexta-feira, 29, a redução de R$ 0,15 no preço da gasolina nas refinarias da Petrobras. O corte de 3,9% foi anunciado ontem pela petroleira, em meio às quedas na cotação do petróleo no mercado internacional.

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Essa é a segunda redução no preço da Petrobras em menos de um mês. Em 19 de julho, a estatal havia anunciado redução de cerca de 5%, o equivalente a R$ 0,20.

Os dois cortes no preço da gasolina em julho foram os primeiros feitos pela Petrobras desde dezembro.

As reduções acontece em meio à queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional, com os temores de uma recessão global derrubando o preço da commodity.

Após ter encostado em quase US$ 130 por barril neste ano com a guerra na Ucrânia, o barril Brent teve quedas consistentes em junho e julho, e era cotado a US$ 107 no fim do dia na quinta-feira, 28. 

A Petrobras disse em nota que a redução "acompanha a evolução dos preços de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para a gasolina".

VEJA TAMBÉM: Petrobras (PETR3/PETR4) tem lucro de R$ 54,3 bilhões no 2º tri, alta de 27%

Mais tarde nesta quinta-feira, em comunicado separado, a Petrobras também anunciou que haverá redução no preço médio do querosene de aviação (QAV, redução de 2,6%), na gasolina de aviação (GAV, redução de 5,7%) e no asfalto (redução de 4,5%). A redução passa a valer em 1° de agosto.

Outros combustíveis, como diesel, GLP (usado no gás de botijão) e gás natural, seguem com os preços atuais.

Lucro da Petrobras

O anúncio de corte nos preços da gasolina aconteceu horas antes de a Petrobras divulgar, também na quinta-feira, lucro de R$ 54,3 bilhões no segundo trimestre, período entre abril e junho.

VEJA TAMBÉM: Petrobras, Chevron e Total abastecem mercado com US$ 25 bi em dividendos e recompras

O resultado superou as projeções de analistas do mercado, que projetavam lucro na casa dos R$ 40 bilhões.

O conselho de administração da companhia também aprovou o pagamento de R$ 87,8 bilhões em dividendos com base nos resultados do segundo trimestre. Serão pagos R$ 6,732 por ação preferencial e ordinária.

Quanto cairá o preço da gasolina

Com o corte nos preços da Petrobras, o valor por litro de gasolina nas refinarias da estatal passa a ser em média de R$ 3,71, ante os R$ 3,86 anteriores.

Uma vez que 27% da gasolina que chega aos postos contém etanol anidro por lei, a fatia da Petrobras no preço final na bomba, que era de R$ 2,81, cai para R$ 2,70, o que significa uma redução de ao menos R$ 0,11 no litro que é vendido ao consumidor.

Mas o restante do preço final na bomba (hoje perto de R$ 6 em média) inclui ainda tributos, custos e margem de lucro na cadeia de distribuição.

Na prática, o preço ao consumidor deve variar nos diferentes postos e estados.

Além disso, a redução da Petrobras diz respeito somente ao preço nas refinarias da estatal, que respondem por cerca de 80% da gasolina consumida no Brasil. O restante é vendido por importadores ou refinarias privatizadas.

Preço da gasolina em queda

O preço médio da gasolina vendida nos postos no Brasil ficou em R$ 5,89 na semana encerrada em 23 de julho, segundo a Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis (ANP).

Além da cotação mais favorável do barril de petróleo, que gera reflexos diretos no preço das importadoras e refinarias privadas para além da Petrobras, houve corte nas alíquotas de ICMS estadual e tributos federais zerados para a gasolina (os tributos federais já haviam sido zerados para o diesel anteriormente).

O preço da gasolina medido pela ANP (sem ajuste pela inflação) caiu 17% nas últimas quatro semanas.

O corte de impostos, embora sirva para reduzir o preço dos combustíveis, também foi criticado pelo alto custo fiscal aos estados e emprego de recursos hoje usados em serviços públicos como educação e saúde. A perda calculada na época da votação do projeto foi de R$ 115 bilhões para estados e municípios somente neste ano.

Na outra ponta, defensores do corte e o governo federal argumentam que a medida servirá para reduzir a inflação generalizada e que estados e municípios têm caixa para bancar a redução. A expectativa é que julho tenha "deflação" com os cortes nos combustíveis. A inflação brasileira no IPCA, principal índice inflacionário, fechou junho em 12%, um dos maiores patamares desde o início do Plano Real, mas a expectativa no mercado é que termine o ano abaixo de 8%.

O preço do petróleo foi às alturas desde o fim do ano passado com a retomada da economia global após o auge da pandemia e, neste ano, com a guerra na Ucrânia. Assim, a variação internacional fez a Petrobras também ter de subir os preços no Brasil em meio ao preço de paridade de importação (PPI), estabelecida pelo governo brasileiro, como controlador da estatal, a partir de 2016. A regra, no entanto, vem gerando embate entre o governo do presidente Jair Bolsonaro e a diretoria da estatal.

Para além do preço da gasolina, a Petrobras tem sido também pressionada a reduzir o preço do diesel, que por ora segue inalterado.

(Com Beatriz Quesada)

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