Economia

Redes de shoppings voltam a investir em prédios residenciais e comerciais

Multiplan, dona de 19 shoppings, está voltando a investir no segmento de incorporação imobiliária após cinco anos

Prédio: estimuladas pela melhora da atividade econômica e queda das taxas de juros, as companhias começam, aos poucos, a tirar da gaveta seus planos de expansão (Picture alliance/Getty Images)

Prédio: estimuladas pela melhora da atividade econômica e queda das taxas de juros, as companhias começam, aos poucos, a tirar da gaveta seus planos de expansão (Picture alliance/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de fevereiro de 2020 às 09h00.

Última atualização em 2 de março de 2020 às 12h55.

São Paulo — Redes de shopping centers, como Iguatemi e Multiplan, estão se preparando para retomar o desenvolvimento de projetos multiúso, com prédios comerciais, residenciais e hotéis ao redor dos centros de compras.

Estimuladas pela melhora da atividade econômica e queda das taxas de juros, as companhias começam, aos poucos, a tirar da gaveta seus planos de expansão nessa área.

A Multiplan, dona de 19 shoppings, está voltando a investir no segmento de incorporação imobiliária após cinco anos. Seus últimos projetos entregues foram o prédio comercial Diamond Tower e o residencial Résidence du Lac, em 2015, ambos em Porto Alegre (RS).

Neste ano, a companhia pretende lançar a primeira fase do empreendimento Golden Lake, na zona sul da capital gaúcha, ao lado do Shopping Barra Sul. "Com a queda dos juros, o mercado imobiliário é a grande aposta dos próximos anos", disse José Isaac Peres, fundador e presidente da Multiplan. A companhia tem 820,5 mil m² de terrenos para futuros projetos multiúso no entorno dos seus centros de compra.

A primeira etapa do Golden Lake deve sair em junho e prevê a construção de 34 mil m² de área privativa, com um valor geral de vendas entre R$ 400 milhões e R$ 450 milhões. O empreendimento será lançado em várias fases e terá um valor geral de vendas na ordem de R$ 3 bilhões. Segundo Peres, a expectativa é de que R$ 1 bilhão desse montante se transforme em lucro líquido para a Multiplan ao longo dos próximos anos.

Permuta de terrenos

A visão mais otimista para projetos multiúso também é compartilhada pelo grupo Iguatemi. Dona de 16 shoppings, a companhia tem terrenos nas adjacências de seus atuais pontos, nos quais há potencial para serem erguidos 1,3 milhão de m² de edificações. "Vemos mais apetite na parte imobiliária", afirmou Cristina Betts, vice-presidente de finanças e relações com investidores do grupo.

Essas áreas adjacentes, segundo a executiva, podem reforçar o fluxo de consumidores no local. O desenvolvimento desses projetos se dará pela permuta do terreno com empresas do setor de construção. Neste ano, foram iniciadas as obras da torre de 14 andares de escritórios anexa ao Galleria Shopping, em Campinas (SP).

O Iguatemi tem a meta de investir este ano entre R$ 170 milhões e R$ 220 milhões. Se confirmada a expectativa, representará uma alta de até 51% em comparação com o desembolsado em 2019.

Os recursos vão para a obra da torre comercial do Galleria Shopping e reformas e manutenção dos empreendimentos em operação. A meta de investimentos não inclui potenciais desembolsos com aquisições.

Cristina afirmou que ainda é cedo para a companhia se debruçar com maior ímpeto em projetos de expansão ou novos shoppings. Antes disso, é preciso atrair mais lojistas para diminuir a vacância dos atuais centros de compras.

O consultor Michel Cutait, dono da empresa especializada em shoppings e varejo Make it Work, afirmou que a maior parte dos projetos de shopping concebidos no início da década, durante o "boom" do setor, já era multiúso, mas não avançou por causa da crise. "A retomada agora é favorável, porque a economia brasileira está levemente melhor e as empresas têm os terrenos e o capital para investir."

A vantagem dos projetos multiúso está no aumento do fluxo de visitantes nos shoppings. "Cria-se uma conveniência para os consumidores, que podem circular em lojas e cinemas bem ao lado do local de trabalho", afirmou. "Para as donas dos shoppings, é uma estratégia de diversificar a receita, ficando menos dependentes do ganho com a locação de lojas."

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