Economia

Recuperação na OCDE é menor diante de fraqueza do Euro

Recuperação na OCDE vai ser mais frágil que o esperado, principalmente pela Zona do Euro


	Sede da OCDE: organismo rebaixou as expectativas de crescimento
 (Jacques Demarthon/AFP)

Sede da OCDE: organismo rebaixou as expectativas de crescimento (Jacques Demarthon/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2014 às 12h39.

Paris - A recuperação na OCDE vai ser, tanto neste ano como no próximo, mais frágil do que o calculado no primeiro semestre, principalmente em função da Zona do Euro, que para sair da espiral de baixa inflação e risco de deflação deve tomar medidas monetárias, fiscais e bancárias.

Esta é a principal indicação divulgada nesta segunda-feira pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) na apresentação de seu relatório de Perspectivas, no qual o organismo rebaixou as expectativas de crescimento dos maiores países em relação a maio.

Nos países emergentes, a ovelha negra agora é o Brasil, que entrou em recessão técnica na primeira metade do ano, com números ruins particularmente no investimento, e incerteza diante do quadro eleitoral.

Os autores do relatório estimam que o PIB brasileiro só crescerá 0,3% em 2014 (1,5% a menos d projetado em maio) e 1,4% em 2015 (0,8% a menos).

Segundo a opinião do organismo, as autoridades monetárias do país devem se assegurar que a inflação volte a se situar segundo seus objetivos e as políticas econômicas precisam recuperar o superávit fiscal, por exemplo com a adoção de regras para limitar o gasto público.

Além disso, para a OCDE uma simplificação fiscal poderia eliminar os freios que existem para o investimento.

A organização manteve sem mudanças os números de alta do PIB na China, para 7,4% neste ano e 7,3% no próximo.

Os conselhos para o gigante asiático vão em primeiro lugar a uma correção do mercado imobiliário para evitar uma bolha, mas também uma regulação financeira mais efetiva.

No novo cenário, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos aumentará 2,1% em 2014 e 3,1% em 2015; o do Reino Unido 3,1% e 2,8%; o do Canadá 2,3% e 2,7%; o do Japão 0,9% e 1,1%; o da Zona do Euro 0,8% e 1,1%.

Zona do Euro é quem provoca os maiores motivos de preocupação entre os autores do relatório, em particular pelo comportamento de dois de seus grandes economias, a francesa (a alta prevista é de 0,4% em 2014 e de 1% em 2015) e a italiana (-0,4% neste ano e 0,1% em 2015).

Alemanha também se viu afetada pela fraqueza da demanda e pela deterioração das relações e os intercâmbios com a Rússia pela guerra da Ucrânia, mas sua expansão -embora menor que a antecipada em maio- será de 1,5% em 2014 e 2015.

O economista-chefe da OCDE, Rintaro Tamaki, advertiu em entrevista coletiva que na Zona do Euro "as coisas podem ir ainda pior" porque o atual nível de inflação próximo a 0% dificultam os ajustes de produtividade que seguem sendo necessários entre seus países-membros.

Tamaki lembrou o exemplo do Japão nos anos 1990 e disse que a deflação, com sua consequente estagnação, é uma ameaça real que precisa ser combatida.

O "clube dos países desenvolvidos" comemora as últimas medidas tomadas pelo Banco Central Europeu, que rebaixou ao mínimo histórico suas taxas de juros, mas acredita que é preciso ir além e injetar liquidez com compra de títulos, sem entrar na questão de se devem ser de dívida pública ou de empresas.

A OCDE também considera que é preciso manter as regras de disciplina fiscal do Pacto de Estabilidade, mas utilizando todas as margens de flexibilidade que ele oferece, o que em nenhum caso significa um descontrole do déficit público.

Por último, outro elemento fundamental é completar a união bancária e tratar com transparência todas as dúvidas que possam existir sobre o saneamento das entidades financeiras.

Para os Estados Unidos, a OCDE recomenda continuar com a retirada dos estímulos monetários, marcar uma perspectiva de médio prazo para a consolidação do déficit fiscal e um modelo de crescimento mais equitativo, que passa em particular por aumentar os salários dos trabalhadores mais pobres.

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