Economia

Recuperação em forma de K em emergentes torna ricos mais ricos

Emergentes mais ricos estão mais preparados para se recuperar da pandemia. Os mais pobres, por outro lado, verão sua dívida ficar perigosamente maior

Crocodilo: efeito da pandemia pode ser um aumento generalizado da desigualdade (Joe Raedle/Getty Images)

Crocodilo: efeito da pandemia pode ser um aumento generalizado da desigualdade (Joe Raedle/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 6 de setembro de 2020 às 08h00.

Uma recuperação cada vez mais em forma de K divide mercados emergentes.

Ações e moedas de países em desenvolvimento mais ricos superam o desempenho de seus pares mais pobres desde o início do surto de coronavírus. A distância entre pobres e ricos pode até aumentar se a pandemia levar a recessões mais profundas em países mais desfavorecidos.

Enquanto a pandemia durar, a divergência em forma de K vai continuar, disse Rob Subbaraman, responsável global de pesquisa macro da Nomura Holdings, em Cingapura. “No mundo de mercados emergentes, com dívidas em rápido crescimento e recessões profundas, o custo do serviço da dívida vai se tornar mais oneroso, e não podemos descartar algumas crises financeiras ou grandes reestruturações de dívida.”

Um estudo da Bloomberg com 17 mercados emergentes encontrou uma correlação de 42% entre o PIB per capita e o desempenho do mercado acionário desde o início em 20 de janeiro da onda vendedora causada pelo vírus até o começo desta semana. A correlação entre o PIB per capita e os retornos cambiais foi de 31%.

Mercados emergentes mais ricos estão em melhor posição para se recuperar da sangria de março devido à tecnologia e governança mais avançadas, que lhes deram maior flexibilidade para responder à pandemia.

Esses países mais riscos têm sido capazes de limitar o impacto das paralisações e distanciamento social, dão maiores respostas fiscais e estão mais bem equipados com os recursos necessários para conter a pandemia, como hospitais, centros de teste e instalações de quarentena.

Países como Coreia do Sul e Polônia tiveram o menor aumento em problemas econômicos, de acordo com o chamado índice de “lockdown” efetivo compilado pelo Goldman Sachs.

O indicador leva em consideração uma combinação de restrições governamentais que suprimem a atividade e adiciona números de distanciamento social com base em dados de mobilidade do Google. Houve uma correlação negativa de 54% entre os indicadores do Goldman e o PIB per capita. Por sua vez, países com o índice de lockdown mais baixo tendem a ter melhor desempenho no mercado acionário e moedas.

A divisão entre ricos e pobres de mercados emergentes é mais ampla na Ásia. O retorno dos mercados acionários das quatro economias com PIB per capita acima de US$ 10 mil no ano passado - China, Coreia do Sul, Taiwan e Malásia - foi 20% superior ao dos países que estão abaixo desse nível, incluindo Índia, Indonésia, Filipinas e Tailândia.

Embora isso seja parcialmente devido ao número de empresas de tecnologia listadas nos primeiros países, também se deve ao fato de que as autoridades têm conseguido gastar mais para tranquilizar cidadãos e investidores.

(Com a colaboração de Tomoko Yamazaki).

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