Economia

Recuperação econômica piorou desemprego em maio

O aparente contra-senso tem explicação: boas notícias incentivam o retorno ao mercado de trabalho de pessoas que tinham desistido de procurar emprego durante a crise

Recuperação econômica incentiva pessoas a procurar emprego (.)

Recuperação econômica incentiva pessoas a procurar emprego (.)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2010 às 14h55.

São Paulo - O aumento do desemprego de abril para maio (de 7,3% para 7,5%) não é necessariamente uma notícia ruim. Primeiramente é importante destacar que a taxa de desocupação no mês passado foi bem inferior à registrada em maio de 2009 (8,8%) e, segundo o IBGE, é a mais baixa para esse mês da série histórica iniciada em 2002.

Em segundo lugar, é preciso esclarecer que o índice é calculado a partir da População Economicamente Ativa (PEA), que só inclui quem está empregado ou procurando uma vaga. Quando houve a crise internacional, a PEA diminuiu por causa de um fenômeno chamado desalento, ou seja, muitos trabalhadores desistiram de procurar emprego diante das dificuldades.

Com a recuperação econômica, os analistas já projetavam o efeito alento para o fim de 2009, ou seja, o retorno das pessoas ao mercado de trabalho (a simples tentativa delas já eleva a PEA). Se a PEA cresce, mais postos precisam ser gerados para absorver o novo contingente, o que normalmente eleva o nível de desemprego no curto prazo.

Esse movimento demorou a acontecer e agora ganha intensidade. Segundo o IBGE, a PEA subiu 2,7% em maio na comparação com o mesmo período de 2009. Em abril, já havia crescido 2,5% na mesma base de comparação.

Relatório da LCA Consultores divulgado nesta quinta-feira (24) diz que "este resultado de maio demonstra que a PEA vem avançando, cada vez mais, de maneira condizente com o atual dinamismo da atividade econômica. Em outras palavras, o esperado efeito alento, onde os agentes, ao vislumbrarem maior empregabilidade, acabam retornando ao mercado de trabalho, ficou mais claro no resultado de maio. Apesar disto, a aceleração robusta do estoque de ocupados (aumentou 4,3% na comparação interanual) promoveu novamente uma taxa de desemprego historicamente baixa".

Portanto, a piora no desemprego de abril para maio é uma boa notícia, já que mais pessoas retonaram ao mercado de trabalho (engordaram a PEA) incentivadas pela recuperação econômica. Após a consolidação dos dados de maio, a LCA aumentou a projeção para a taxa média de desemprego em 2010 de 7,3% para 7,4%. Se confirmada, será a menor da série histórica.

Leia mais: Euforia com emprego pode aumentar inadimplência, diz especialista

Acompanhe tudo sobre:Crescimento econômicoCrises em empresasDesempregoDesenvolvimento econômicoEmpregosNível de emprego

Mais de Economia

Morre Ibrahim Eris, um dos idealizadores do Plano Collor, aos 80 anos

Febraban: para 72% da população, país está melhor ou igual a 2023

Petróleo lidera pauta de exportação do país no 3º trimestre

Brasil impulsiona corporate venturing para atrair investimentos e fortalecer startups