comércio global encerra o ano em forte retomada (Lauryn Ishak/Bloomberg)
Bloomberg
Publicado em 4 de dezembro de 2020 às 10h41.
Última atualização em 4 de dezembro de 2020 às 11h48.
A pandemia de Covid-19 deveria colocar o último prego no caixão da globalização e provocar um retrocesso rumo a uma nova era de protecionismo. Em vez disso, alguns agora chamam a crise de grande acelerador.
A queda no comércio internacional foi rápida e acentuada durante as primeiras paralisações causadas pelo coronavírus, mas a recuperação impulsionada por estímulos fiscais e monetários de emergência teve quase a mesma força. O comércio global encerra o ano em forte retomada.
Após dois anos de guerra tarifária entre Estados Unidos e China, o comércio realizado por meio de grandes redes de fornecedores - o bicho-papão dos defensores do protecionismo - tem atuado como tábua de salvação para consumidores e amortecedor de muitas empresas como Samsonite International e Walgreens Boots Alliance, que estão reforçando suas fontes de produção no exterior, em vez de se retirarem dos mercados globais.
“O que aprendemos é que as cadeias de suprimento são flexíveis e adaptáveis”, disse o economista-chefe da Organização Mundial do Comércio, Robert Koopman, em entrevista. “O comércio é parte da solução.”
Natalie Blyth, responsável global de financiamento de comércio do HSBC, não vê as empresas trazendo as cadeias de suprimentos para seus mercados domésticos como forma de proteção contra novos riscos. Pelo contrário.
Ela avalia que a pandemia está atuando como o “grande acelerador” no que diz respeito ao comércio, especialmente com a ajuda da tecnologia, à medida que as empresas fortalecem as bases regionais enquanto visam uma classe média crescente de cerca de três bilhões de consumidores em toda a Ásia.
“O modelo de estoque just-in-time supereficiente e bem ajustado falhou na fase um da Covid. Mas o ‘reshoring' não é a solução para isso, é a diversificação”, disse sobre a estratégia de transferir a produção aos países de origem.
No início do ano, a OMC previu que os fluxos de comércio global poderiam cair em até 32%, o que teria superado a pior queda da Grande Depressão.
Se os números atuais se mantiverem no quarto trimestre, a OMC projeta que o comércio global de mercadorias cairá apenas 9,2% em 2020, o que é menos do que a queda de 12% no comércio global em 2009 no auge da crise financeira.
Em resposta à pandemia, multinacionais estão desenvolvendo soluções e encontrando novos locais para produzir seus produtos.
--Com a colaboração de Brendan Murray, Zoe Schneeweiss, Shawn Donnan e Jonathan Stearns.