Economia

Rebaixamento pode tirar US$ 8 bilhões do Brasil

Isso acontece porque muitos fundos só podem investir em mercados que têm o selo de bom pagador de duas agências de classificação - condição perdida pelo Brasil


	Desinvestimento: isso acontece porque muitos fundos só podem investir em mercados que têm o selo de bom pagador de duas agências de classificação - condição perdida pelo Brasil
 (Brendan McDermid/Reuters)

Desinvestimento: isso acontece porque muitos fundos só podem investir em mercados que têm o selo de bom pagador de duas agências de classificação - condição perdida pelo Brasil (Brendan McDermid/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2015 às 14h16.

Londres e Nova York - A decisão da Fitch de rebaixar o Brasil para "grau especulativo" aciona uma regra de boa parte dos grandes fundos globais de investimento que pode tirar mais de US$ 8 bilhões do país.

Isso acontece porque muitos fundos só podem investir em mercados que têm o selo de bom pagador de duas agências de classificação - condição perdida pelo Brasil.

A avaliação, porém, varia bastante, uma vez que a maioria dos gestores já se antecipou e há divergência sobre a posição restante em ativos brasileiros.

Dados do JP Morgan indicavam, por exemplo, que os fundos passivos - aqueles onde as posições são desfeitas só depois de ratificada a segunda perda do grau de investimento, como ocorreu nesta quarta-feira, 16 - detinham US$ 1,5 bilhão em papéis do Brasil.

O país perdeu o selo de bom pagador da segunda grande agência classificadora de risco. As estimativas variam bastante. Instituições como a gestora britânica Ashmore e o espanhol BBVA acreditam haver posição restante de US$ 8 bilhões em papéis brasileiros que poderiam ser vendidos imediatamente.

O Deutsche Bank cita US$ 12 bilhões só para o segmento de bônus bancários e o Barclays estima saída de US$ 10,7 bilhões, sendo US$ 9,1 bilhões em dívida corporativa e US$ 1,6 bilhão em papéis soberanos.

Cálculo

Há divergência sobre os números por não ser simples calcular a posição restante dessas carteiras. Isso acontece porque gestores não precisam informar em tempo real a posição de cada fundo e, ao mesmo tempo, muitas das posições relacionadas ao Brasil foram sendo desmontadas ao longo dos últimos meses com a rápida deterioração da economia.

Em relatório divulgado em agosto, antes mesmo de a S&P tirar o grau de investimento do Brasil, o banco JP Morgan citava que a saída de recursos do país em caso de perda de grau de investimento por duas agências poderia chegar aos US$ 20 bilhões, sendo US$ 6,2 bilhões em bônus do governo e US$ 12,5 bilhões de papéis de empresas, além de US$ 1,5 bilhão nos fundos passivos - carteiras que prometem retorno igual ao do referencial.

Acompanhe tudo sobre:Agências de ratingCrise econômicaEmpresasFitchStandard & Poor's

Mais de Economia

Benefícios tributários farão governo abrir mão de R$ 543 bi em receitas em 2025

“Existe um problema social gerado pela atividade de apostas no Brasil”, diz secretário da Fazenda

Corte de juros pode aumentar otimismo dos consumidores nos EUA antes das eleições

Ministros apresentam a Lula relação de projetos para receber investimentos da China