Os segmentos de grande fôlego no passado, como o financiamento de veículos e o crédito consignado, atingiram um patamar “mais maduro”, explica analista (SXC.hu)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2011 às 21h16.
Nova York - O real deve continuar a perder força ante o dólar ao longo de 2012, avaliam analistas entrevistados pela Agência Estado. Ou seja, não se trata apenas de um movimento de curtíssimo prazo, mas possivelmente de uma mudança de tendência. Segundo eles, para o investidor estrangeiro, com juros mais baixos e com tendência de cair mais, o real ficou hoje menos atrativo. A tudo isso somam-se as perspectivas de menor crescimento da economia brasileira. Hoje, a moeda americana fechou em alta de 2,02% no balcão, cotada a R$ 1,715, depois de bater R$ 1,727 na máxima do dia. No mês, acumula ganho de 7,59%, e, no ano, de 3,06%;
"O dólar acabou de romper um nível crítico de R$ 1,70 e creio que o enfraquecimento dos fundamentos da economia global e redução dos juros dificulta o fortalecimento do real", avalia o estrategista para mercados emergentes da consultoria MF Global, Michael Roche. Para ele, a cotação de R$ 1,70 é o novo piso para o dólar ante o real no curto prazo. Ele estima que o real poderá atingir R$ 1,80 ainda este ano. Para 2012, ele afirma que o piso segue sendo R$ 1,70, mas é possível que a moeda suba até R$ 1,90.
Já o chefe de Pesquisa de Mercados Emergentes para as Américas da Nomura Securities, Tony Volpon, espera que a moeda americana se firme acima de R$ 1,70 somente a partir do ano que vem. Volpon espera que o dólar feche em R$ 1,65 em 2011, ao redor de R$ 1,75 em 2012 e de R$ 1,80 em 2013. Há alguns meses, sua aposta era de que até 2013, o dólar poderia chegar a R$ 1,45. Para a Selic, o economista estima que a taxa básica cairá a 9,5% até o segundo trimestre de 2012. Segundo ele, suas estimativas não preveem uma nova recessão global ou outro evento como o colapso do Lehman Brothers num cenário básico.
Os principais motivos citados pelos economistas para o enfraquecimento do real ante o dólar são a queda da Selic, a taxação de derivativos e a piora do cenário externo, que tem dado alguma força ao dólar recentemente. "Os fatores externos pesaram muito sobre o câmbio brasileiro nos últimos dez anos, mas isso já mudou um pouco e vemos um balanço de forças, com fatores internos ganhando mais peso", disse Volpon.
O Banco Central cortou a Selic em 0,50 ponto porcentual, para 12% ao ano, na reunião do Comitê de Política Monetária de 30 e 31 de agosto. Antes disso, em julho, o governo havia anunciado a aplicação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre operações com derivativos cambiais para conter a queda do dólar.
A taxação é de 1% sobre as operações de derivativos cambiais feitas por investidores brasileiros e estrangeiros no país, mas pode chegar a 25%, entre a posição comprada e vendida no mercado futuro. Para Volpon, a taxação dos derivativos é ruim, mas ele acredita que o governo prefere pagar o preço, ou melhor, deixar os setores produtivos e financeiro pagarem o preço para poder ter controle do real.
Atração
Volpon disse que o Japão é um grande investidor em reais, mas que o interesse do japonês começou a diminuir. "Na medida em que o governo brasileiro consegue travar o mercado, o japonês vai perdendo o rendimento", afirmou. Segundo ele, o investidor japonês vinha aproveitando para ganhar nas duas pontas, com rendimento da alta da Selic e do real valorizado. Em julho, 64,9% dos investimentos japoneses em moedas eram em reais, totalizando US$ 3,8 bilhões, de US$ 3,6 bilhões em junho. Dados preliminares de agosto, no entanto, segundo o Nomura, apontavam para leve queda em agosto.
"A boa notícia é que não é que a maioria dos países está com juros muito baixos e não existem grandes concorrentes ao real", completou. Depois do Brasil, 18,2% dos investimentos do Japão em julho eram em uma cesta de moedas e, em terceiro lugar, aparecia o dólar australiano, com 11,1%.