Estação de distribuição de energia da AES Eletropaulo em São Paulo (Marcos Issa/Bloomberg News)
Da Redação
Publicado em 2 de junho de 2014 às 18h00.
São Paulo - O reajuste da AES Eletropaulo, que deve ocorrer no próximo dia 4 de julho, deve ficar acima dos 10%, a exemplo do que foi observado em outras distribuidoras do país.
"Vamos trabalhar o assunto, mas a tendência é que se fale de dois dígitos, até pela questão do despacho térmico, do custo da energia térmica, do reflexo do preço no spot (curto prazo), da situação hidrológica e da própria exposição involuntária", disse o presidente da companhia, Britaldo Soares.
De acordo com ele, a companhia ainda não enviou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sua proposta, que deve ser encaminhada até meados de junho.
Mas as conversas com a agência já começaram. Ele lembrou que, como de praxe nos reajustes tarifário anuais, o principal impacto para o aumento são os custos não controlados, como a compra de energia e custos de transmissão.
O custo da energia acelerou este ano, por causa da questão hidrológica, que levou à necessidade de maior geração térmica, mais cara. Alia-se a isso a exposição involuntária das distribuidoras - com as empresas apresentando um volume menor de energia contratada do que sua demanda, o que as levou a dependerem do mercado à vista (spot), cujo preço atualmente está muito superior àqueles dos contratos de longo prazo.
Soares afirmou que, após a realização do leilão A-0 (de compra de energia para entrega imediata), a exposição involuntária remanescente na Eletropaulo é da ordem de 2%, para a média de 2014.
Para o executivo, o leilão, aliado ao reajuste do próximo mês de julho, deve permitir que a companhia possa lidar com essa exposição até o fim do ano.
"Estamos tranquilos, com o reajuste de tarifário do dia 4 de julho refletindo a realidade dos custos, não vejo por que não (conseguir lidar)", disse.
O alto custo das distribuidoras com a compra de energia observado neste ano já levou o governo a buscar um empréstimo de R$ 11,2 bilhões junto aos bancos. Os recursos foram repassados às empresas para o pagamento pela compra da energia entre janeiro e abril.
Estimativas de representantes do setor indicam que as companhias teriam custos adicionais com a exposição involuntária remanescente que totalizaria entre R$ 5 bilhões e R$ 7 bilhões.
Soares considera que o valor deve ser da ordem de R$ 7 bilhões a R$ 8 bilhões, mas salientou que os cálculos dependem de premissas como preço da energia no mercado spot e afluências considerados e lembrou que não necessariamente a conta é a mesma para todas as empresas.
Sobre a potencial necessidade de um novo repasse de recursos às distribuidoras - após os R$ 11,2 bilhões já realizados - ou de outras medidas para fazer frente a esses custos das distribuidoras, Soares indicou que o mecanismo a ser utilizado "é o menos importante", mas defendeu que, como se trata de um problema que não foi causado pela gestão das distribuidoras e que pode influenciar na saúde financeira do setor, precisa ser resolvido.
Inauguração
Soares participou hoje da inauguração de uma estação transformadora de distribuição (ETD) da AES Eletropaulo. A companhia investiu cerca de R$ 80 milhões na unidade, que possui 120 MW de capacidade, suficiente para atender a cerca de 200 mil habitantes da capital paulista.
O custo do projeto foi praticamente o dobro de uma subestação padrão, explicou o vice-presidente de Operações e Comercial da AES Eletropaulo, Sidney Simonaggio.
Isso porque os três transformadores da unidade ficam dentro de um prédio com proteção acústica para evitar ruídos. Tanto sua alimentação por uma linha de transmissão quanto os circuitos de distribuição são constituídos de cabos subterrâneos.
Além dessa unidade, a AES Eletropaulo já possui outras duas subestações neste mesmo modelo e uma outra está em fase adiantada de construção.
Atualizado às 18h.