Economia

Raúl admite crise econômica em Cuba, mas rejeita colapso

O presidente de Cuba, Raúl Castro, admitiu nesta sexta que a economia do país passa por "circunstâncias adversas" que obrigarão o governo a reduzir despesas


	Raúl Castro: o presidente de Cuba admitiu nesta sexta que a economia do país passa por "circunstâncias adversas" que obrigarão o governo a reduzir despesas
 (Enrique De La Osa/Reuters)

Raúl Castro: o presidente de Cuba admitiu nesta sexta que a economia do país passa por "circunstâncias adversas" que obrigarão o governo a reduzir despesas (Enrique De La Osa/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2016 às 20h17.

Havana - O presidente de Cuba, Raúl Castro, admitiu nesta sexta-feira que a economia do país passa por "circunstâncias adversas" que obrigarão o governo a reduzir despesas e fomentar a poupança, mas rejeitou as previsões sobre um iminente colapso ou um retorno à fase conhecida como "Período Especial".

No primeiro semestre do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1%, a metade do previsto, disse Raúl na Assembleia Nacional do país. Segundo o presidente, o resultado foi condicionado a fatores como o descumprimento das receitas por exportações, unido a "uma determinada contração no fornecimento de combustível acertado com a Venezuela", além do embargo imposto pelos Estados Unidos.

"Nestas circunstâncias adversas, o Conselho de Ministros adotou um conjunto de medidas para enfrentar a situação e garantir as atividades principais que garantam a vitalidade da economia, minimizando o impacto sobre a população", disse Raúl no discurso divulgado pela imprensa oficial cubana.

O presidente rejeitou as "especulações e augúrios", que "tem como propósito semear o desânimo e a incerteza relativos a um iminente colapso da economia, com retorno à fase aguda do Período Especial decretado no início dos anos 90 após a queda do bloco soviético".

"Não negamos que podem ocorrer oscilações, inclusive maiores do que as atuais, mas estamos preparados e em melhores condições para então revertê-las", garantiu.

Após destaca que não há espaço para as improvisações e "muito menos para o derrotismo", Raúl afirmou que é necessário "reduzir as despesas de todo o tipo que não sejam imprescindíveis", assim como fomentar a poupança e o aproveitamento eficiente dos recursos disponíveis.

As medidas que o governo começará a implantar também são orientadas para concentrar os investimentos nas atividades que gerem receitas por meio de exportações, substituem importações e apoiem o fortalecimento de infraestrutura, garantirem a sustentabilidade da geração de energia elétrica.

"Trata-se, em síntese, de não reduzir os programas que garantem o desenvolvimento da nação", afirmou o presidente cubano, que também garantiu a preservação e a qualidade dos serviços sociais.

Raúl reafirmou o propósito de seguir com a atualização do modelo econômico da ilha, "ao ritmo que definamos soberanamente forjando o consenso e a unidade dos cubanos na construção do socialismo".

Antes do discurso, o ministro de Economia, Marino Murillo, anunciou que nos últimos seis meses do ano haverá um ajuste no consumo energético, cujo fornecimento pode sofrer uma queda de 25%.

No entanto, Murillo ressaltou que essa restrição não afetará o setor residencial, que gasta 60% da eletricidade produzida na ilha.

Além disso, o ministro afirmou que para lidar com os problemas de liquidez enfrentados pelo país, os pagamentos em moeda estrangeira serão restritos e o crédito será reduzido para evitar o endividamento futuro.

No início desta semana, o governo cubano admitiu que vive um "complexo cenário econômico", que teve impacto nas receitas do país e causou dificuldades na liquidez, especialmente devido às quedas dos preços internacionais do níquel e do petróleo.

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