Álvaro Frasson, Fabiane Stefano e Arthur Mota apresentam Questão Macro a partir desta semana (Divulgação/Divulgação)
Fabiane Stefano
Publicado em 25 de novembro de 2020 às 17h00.
Última atualização em 25 de novembro de 2020 às 18h25.
Nas últimas semanas, uma avalanche de boas notícias sobre as vacinas contra o coronavírus trouxe ao mundo uma pontinha de esperança de que o fim da pandemia esteja mais próximo. No Reino Unido, a vacina de Oxford apresentou eficácia de até 90%, enqunto na Rússia a Sputnik V alcançou 95% de eficácia — mesmo resultado da americana Pfizer, que já solicitou autorização de uso emergencial do seu imunizante. Com essas novidades, o mercado já está precificando o fim da pandemia?
"Mesmo com os números de casos e mortes estarem em ascensão no mundo todo, o cenário da disponibilidade de vacinas no curto prazo animou o mercado, que começou a dar mais peso para isso do que para a questão do pacote fiscal americano, por exemplo", explica o economista Arthur Mota, da EXAME Research, no Questão Macro. Todas as quartas, às 13h30, o programa discute os principais assuntos do cenário macroeconômico.
Álvaro Frasson, economista do BTG Pactual Digital, pondera que o otimismo dos mercados só é sustentável caso esse cenário positivo de fato se confirme.
"Se a vacina vem em fevereiro ou abril, pouco importa, porque no longo prazo isso não faz diferença. Mas se ficar para muito mais tarde, no segundo semestre, teremos novamente um ano ruim para o setor de serviços, o que impacta diretamente o PIB e os empregos", explica Frasson. "Se isso acontecer mesmo, veremos uma depreciação dos ativos locais."
Na Europa e nos Estados Unidos, cresce a cada dia a pressão por mais estímulos econômicos. Enquanto isso, o Brasil se aproxima do fim do estado de calamidade imposto pela pandemia ainda na indefinição sobre prorrogação ou não do auxílio emergencial, que termina já em dezembro.
"O Brasil fez um esforço fiscal maior que do suas condições para financiar seus estímulos, muito maior em porcentagem do PIB do que os pacotes europeus inclusive", explica Frasson. "Por isso, mesmo que lá fora os ventos soprem a favor de mais estímulos, por aqui o caminho deverá ser de mais credibilidade fiscal para gerar confiança para o mercado."
A única possibilidade de uma nova rodada de estímulos no Brasil, concordam os analistas, é caso o país entre novamente em um cenário de restrições mais prolongado, como aconteceu no auge da pandemia. "Nesse caso, as medidas poderiam ter um impacto mais positivo do que negativo na economia brasileira", analisa Mota.
Esses e outros assuntos foram debatidos nesta tarde, no programa semanal Questão Macro, apresentado pelos economistas Arthur Maia, da EXAME Research, e Álvaro Frasson, do BTG Digital. A conversa é mediada pela jornalista Fabiane Stefano, editora de macroeconomia da EXAME.