Álvaro Frasson, Fabiane Stefano e Arthur Mota apresentam Questão Macro a partir desta semana (Divulgação/Divulgação)
Fabiane Stefano
Publicado em 18 de novembro de 2020 às 16h26.
Passadas as eleições americanas e o primeiro turno das eleições municipais no Brasil, os olhos do mercado ficam ainda mais atentos aos próximos passos da política. Enquanto nos EUA a pauta é a retomada das negociações do próximo pacote fiscal, no Brasil se aguarda alguma sinalização do Congresso em relação a pautas que estão paradas há vários meses, como a PEC Emergencial e o orçamento federal do próximo ano.
Para os economistas do Questão Macro, o giro semanal de notícias e análises da Exame Research, bons ventos externos e as empolgantes notícias sobre as vacinas contra o coronavírus têm favorecido a entrada de capitais no Brasil, a valorização do real e da bolsa - e balanceando os ânimos do mercado. Mas o anseio por alguma sinalização de Brasília segue forte.
"Se o andamento das pautas econômicas estivesse travado apenas pelas eleições municipais, a essa altura já teriam anunciado uma agenda de votações para as próximas semanas", comenta Álvaro Frasson, do BTG Pactual Digital. "Eu ainda não enxergo essa convergência entre o Ricardo Barros [líder do governo na Câmara], o Rodrigo Maia [presidente da Câmara] e o Executivo."
Para Frasson, a vitória expressiva da ala do centrão mais ligada a Maia nas eleições municipais pode fortalecer o democrata no impasse da definição da presidência da Comissão Mista do Orçamento - um microcosmo da disputa pela sucessão do próprio Maia na presidência da casa. "Maia agora talvez esteja ganhando a queda de braço da implantação da CMO", diz o economista.
"Maia é um grande vetor de defesa das reformas, sempre ditando os processos e dando alguma previsibilidade ao mercado", comentou o economista Arthur Mota, da Exame Research. "O fortalecimento dele via base eleitoral mostra um pragmatismo do eleitor, sem pender tanto para os extremos, o que de certa forma é positivo para uma pauta reformista no Congresso."
Mesmo com a volta dos lockdowns pelo mundo devido à segunda onda de covid-19 - o que pode acontecer também no Brasil -, o otimismo do mercado no pós-eleições tem se mantido pela expectativa da chegada de uma vacina já nos próximos meses. Enquanto isso não acontece, os bancos centrais americano e europeu cobram ações dos governos, sinalizando inclusive que podem rever suas políticas monetárias em breve.
"O Powell [presidente do FED] sugeriu que, se não houver um pacote, eles podem mudar o próprio comportamento da política monetária, passando a atuar na parte mais longa da curva de juros", explicou Mota.
Esses e outros assuntos foram debatidos na tarde desta quarta, 18, no programa semanal Questão Macro, apresentado pelos economistas Arthur Maia, da EXAME Research, e Álvaro Frasson, do BTG Digital. A conversa é mediada pela jornalista Fabiane Stefano, editora de macroeconomia da EXAME.