Painel com cotações na B3, a bolsa brasileira (Germano Lüders/Exame)
Fabiane Stefano
Publicado em 2 de dezembro de 2020 às 18h53.
Última atualização em 2 de dezembro de 2020 às 19h10.
Com a crescente expectativa de pelo menos começar a vacinação contra o coronavírus em algumas partes do mundo já nas próximas semanas, o mercado segue otimista com o futuro no curto prazo. Em novembro, o Ibovespa alcançou o melhor desempenho mensal desde 2016 e o dólar, que chegou a 5,78 reais há um mês, se estabilizou na casa dos 5,30 reais — principalmente pela alta no fluxo de capital estrangeiro para os países emergentes.
Mas para o economista Bruno Lima, especialista em renda variável da EXAME Research e convidado do Questão Macro desta quarta, 2, esses bons frutos colhidos pela economia brasileira não são, exatamente, um mérito da nossa economia.
"O excesso de liquidez no mundo todo aumenta o apetite por risco e a exposição dos investidores aos mercados emergentes. Ao tomar a decisão de investir nesses mercados, naturalmente uma parte do fluxo vai para o Brasil — mas por inércia", explica Lima. "A eleição de Biden reduziu boa parte das incertezas globais, assim como as perspectivas de vacina. O que sobra de risco por aqui são as questões fiscais domésticas."
A receita para que essa "surfada" se converta em uma virada concreta na economia brasileira, segundo especialistas, já é conhecida: o andamento das pautas econômicas no Congresso. Com o fim do ano batendo à porta, as disputas políticas internas se aproximam de um desfecho — e é nisto que o mercado estará de olho nos próximos dias.
"O que aprendemos em 2019 é que, mesmo que bem adiantadas, é difícil que grandes matérias sejam apresentadas e aprovadas com celeridade no Congresso", explica Arthur Morta, também da EXAME Research, lembrando que o STF deve decidir na sexta-feira, 4, sobre a possibilidade de reeleição para as presidências do Senado e da Câmara, o que deve destravar os trabalhos em ambas as casas. "O que for decidido ali vai ser importante para as lideranças políticas que, por sua vez, vão influenciando as estratégias e as agendas."
Esses e outros assuntos foram debatidos na tarde desta quarta, 2, no programa semanal Questão Macro, que contou com a presença dos economistas Arthur Mota e Bruno Lima, da EXAME Research. A conversa é mediada pela jornalista Fabiane Stefano, editora de macroeconomia da EXAME.