Economia

Quem se beneficiaria com o fim das sanções contra a Rússia

A perspectiva para uma medida desse tipo nunca foi melhor do que sob o governo do novo presidente dos EUA, Donald Trump

Rússia: qualquer flexibilização das restrições que isolam a 5ª maior economia da Europa há quase três anos será uma “injeção de adrenalina no mercado acionário” (Getty Images/Andreas Rentz)

Rússia: qualquer flexibilização das restrições que isolam a 5ª maior economia da Europa há quase três anos será uma “injeção de adrenalina no mercado acionário” (Getty Images/Andreas Rentz)

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Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2017 às 21h31.

Última atualização em 11 de janeiro de 2018 às 15h55.

Moscou - Os analistas de ações já estão se posicionando para um acontecimento com potencial para sacudir os mercados da Noruega ao Brasil: o levantamento das sanções contra a Rússia.

Qualquer flexibilização das restrições que isolam a quinta maior economia da Europa há quase três anos será uma “injeção de adrenalina no mercado acionário”, segundo Luis Sáenz, diretor do departamento de vendas e trading da BCS Financial Group na Rússia.

A perspectiva para uma medida desse tipo nunca foi melhor do que sob o governo do novo presidente dos EUA, Donald Trump, que prometeu restabelecer os laços com o Kremlin.

Uma normalização das relações repercutirá muito além das fronteiras da Rússia, de uma empresa pesqueira cujo maior acionista é o magnata do transporte marítimo John Fredriksen até o maior fornecedor de serviços de petróleo do mundo.

Na semana passada, um assessor sênior da Casa Branca disse que a eliminação das sanções está sendo estudada e que Trump e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, prometeram aprofundar os laços comerciais em seu primeiro telefonema.

A seguir, um resumo dos possíveis vencedores e perdedores de um levantamento das sanções.

Vencedores:

Bancos russos

Após serem barrados nos mercados internacionais de dívida e ações há quase três anos, os maiores bancos da Rússia apreciarão a perspectiva de voltar a fazer negócios como sempre.

O Sberbank e o VTB Bank, os únicos dois credores sancionados com ações registradas em bolsa, são os dois vencedores mais óbvios, mas outros bancos poderiam se beneficiar com uma queda dos custos de crédito e as perspectivas de fortalecimento do rublo e aceleração do crescimento econômico.

Empresas de energia

A Rosneft e a Novatek, dois gigantes russos da energia sancionados, aproveitariam um levantamento das restrições para emitir dívida.

Empresas americanas proibidas de vender tecnologia de campos de petróleo para a Rússia devido às sanções também se beneficiarão, segundo Vadim Bit-Avragim, administrador de recursos da Kapital Asset Management em Moscou.

Pescadores noruegueses

O setor norueguês de pesca foi uma das maiores vítimas da proibição de importar alimentos imposta pela Rússia aos EUA e a muitos países europeus em resposta às sanções.

A Marine Harvest, maior criadora de salmão do mundo, é a empresa a ser observada porque a proibição de importações da Rússia eliminou 10 por cento do mercado de salmão da Noruega, segundo Marius Gaard, analista da Swedbank Markets.

Outras vítimas da proibição de importações que poderiam receber impulso se os países europeus decidirem imitar os EUA e flexibilizar as restrições são a empresa norueguesa de frutos do mar Leroy Seafood, a produtora lituana de laticínios Rokiskio Suris e a produtora polonesa de peixe enlatado Graal.

Perdedores:

Exportadores russos

Os exportadores russos sofrerão se o levantamento das sanções fortalecer o rublo, fato que reduziria o valor dos bens em moeda local, segundo Bit-Avragim, da Kapital. Se os EUA reduzirem as restrições, a moeda russa se apreciaria entre 5 por cento e 10 por cento, segundo a maioria dos economistas consultados em uma pesquisa recente da Bloomberg.

Salmão chileno, carne brasileira

Produtores de alimentos da América Latina que tiraram proveito dos efeitos geopolíticos na Europa para aumentar as exportações para a Rússia podem voltar a ter mais concorrência. Os exportadores chilenos de salmão Empresas AquaChile e Multiexport Foods poderiam sofrer, bem como os produtores brasileiros de carne Minerva e BRF.

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