Economia

Quem são os mais desonestos: suecos ou italianos?

Modus operandi da corrupção cotidiana no Brasil aparece bem explicado em um estudo surpreendente que investigou o nível de honestidade entre italianos e suecos


	O ex-primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi: ele representa seu país?
 (Max Rossi/Reuters)

O ex-primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi: ele representa seu país? (Max Rossi/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 1 de julho de 2016 às 14h24.

São Paulo - Pesquisas de opinião mostram que a honestidade é vista como algo tipicamente sueco pelos próprios e por seus vizinhos europeus.

Já os italianos são considerados desonestos tanto por seus compatriotas quanto por seus vizinhos. Mas será que isso é verdade?

Recentemente, um time de economistas e psicólogos de universidades italianas (e uma americana) fez um estudo sobre isso para a Frontiers of Psychology.

638 pessoas foram recrutadas, metade na Suécia e metade na Itália. Através de vários estágios, elas tinham que preencher formulários sobre renda própria para depois serem cobradas.

Os participantes não sabiam ainda, mas cada passo teria uma mudança no cenário, com aumento ou diminuição da taxa de impostos e do quanto seria redistribuído coletivamente e de que forma.

Uma preocupação foi usar linguagem detalhada e bem específica para o contexto de taxação e deixar claras as consequências das decisões.

Os participantes foram avisados que havia 5% de risco de auditoria e que em caso de informação errada a multa seria o dobro do valor devido.

As pessoas foram muito mais corretas do que os pesquisadores imaginavam e o nível médio de desonestidade entre italianos e suecos foi basicamente o mesmo.

O que eles viram não foi o estereótipo clássico, e sim um estilo diferente de sonegação:

"Os italianos se engajam mais frequentemente em comportamento moderadamente desonesto. Em contraste, os suecos tendem a ser mais perfeitamente honestos, mas entre aqueles que falsificam, a chance é muito maior de que falsifiquem o máximo possível", dizem os autores.

A questão é que pequenas violações são mais difíceis de identificar e punir e acabam introduzindo um nível de ambiguidade moral na sociedade.

"Dada esse dificuldade, a desonestidade ordinária tende a se espalhar. Isso pode explicar porque os italianos tem uma reputação tão disseminada de malícia, já que eles praticam pequenos atos de desonestidade por toda parte", diz o estudo.

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