Economia

Quem resolve é a Petrobras, diz Guedes sobre petróleo

Ministro não quis comentar efeitos que o ataque a refinarias na Arábia Saudita podem ter sobre os preços dos combustíveis no Brasil

Paulo Guedes: ministro da Economia não quis comentar efeitos do ataque à refinarias na Arábia Saudita (Adriano Machado/Reuters)

Paulo Guedes: ministro da Economia não quis comentar efeitos do ataque à refinarias na Arábia Saudita (Adriano Machado/Reuters)

BC

Beatriz Correia

Publicado em 17 de setembro de 2019 às 18h01.

Última atualização em 17 de setembro de 2019 às 18h02.

Após reunião com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Alvorada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, não quis comentar os efeitos que o ataque a refinarias na Arábia Saudita no fim de semana e a consequente alta do preço do petróleo no mercado internacional podem ter sobre os preços dos combustíveis no Brasil.

"Quem resolve é a Petrobras", limitou-se a responder aos jornalistas, ao transitar cercado por seguranças dentro do próprio ministério.

Conforme publicou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o conselho de administração da Petrobras não se manifestou ou pediu explicações à diretoria sobre a manutenção dos preços da gasolina e do óleo diesel nas refinarias, apesar da oscilação brusca do petróleo no mercado internacional na segunda e das notícias de que o presidente Jair Bolsonaro teria telefonado para o presidente da petroleira, Roberto Castello Branco, para tratar dos preços dos derivados.

O estatuto da empresa prevê que a definição dos preços dos combustíveis é uma incumbência da diretoria e não precisa ser submetida ao conselho. Mas, em ocasiões recentes em que houve dúvida sobre a ingerência do governo na decisão da diretoria de manter os preços dos combustíveis inalterados, conselheiros e diretores se reuniram virtualmente para tratar do tema. Dessa vez, porém, não houve qualquer movimentação nesse sentido.

Combustível em São Paulo

Representante dos postos de revenda de combustíveis do Estado de São Paulo, José Alberto Gouveia, presidente do Sincopetro-SP, disse que os preços da gasolina e do óleo diesel vão subir apenas se a Petrobras reajustar sua tabela nas refinarias e se as distribuidoras repassarem o aumento. "Até o momento, está tudo como estava", complementou.

Ele negou que a simples notícia de alta do petróleo no mercado internacional seja capaz de influenciar as vendas no País. Para comprovar que não houve oportunismo por parte de alguns postos nos últimos dias, em função da alta da commodity no mercado internacional, 16 funcionários do Sincopetro-SP percorreram ruas da cidade de São Paulo para ver se algum revendedor tinha reajustado seus valores. E, segundo Gouveia, não foi constatado alta de preços.

Ele argumenta ainda que a maior parte da venda dos postos, 65%, está concentrada no etanol e não na gasolina e no diesel. Portanto, a receita da revenda também está concentrada no combustível. Se os derivados de petróleo ficarem mais caros nos próximos dias, o esperado é que o comércio de etanol cresça ainda mais, afirmou.

O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, afirmou ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que "não há motivos para preocupação com abastecimento, muito menos para aumentos de preços", ao ser questionado se a notícia de alta do petróleo no mercado internacional pode servir de pretexto para alguns donos de postos cobrarem mais pelos combustíveis.

Segundo o diretor-geral da ANP, é possível, sim, que isso aconteça e que é papel da agência reguladora e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) evitar. "Os preços dos combustíveis são livres, por lei, em todas as etapas da cadeia: produção, distribuição e revenda", disse Oddone, acrescentando que, quando a ANP identifica preços abusivos ou indícios de cartel, elabora estudos de concentração econômica e vai a campo para constatar se os preços estão, de fato, abusivos.

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