Economia

Quem é o possível ministro da Fazenda de Bolsonaro

Guedes está entre fundadores do Banco Pactual e do Insper e já classificou Bolsonaro como "legítimo herdeiro das antigas trincheiras políticas à 'direita'"

Deputado Jair Bolsonaro (Antonio Cruz/Agência Brasil/Agência Brasil)

Deputado Jair Bolsonaro (Antonio Cruz/Agência Brasil/Agência Brasil)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 27 de novembro de 2017 às 12h57.

Última atualização em 8 de abril de 2019 às 12h05.

São Paulo - O pré-candidato à presidência e deputado federal Jair Bolsonaro (PEN/Patriota) afirmou que está conversando com o economista Paulo Guedes para assumir o Ministério da Fazenda em seu governo, caso seja eleito.

“Eu busquei quem foi crítico de planos econômicos, plano Cruzado, plano Real com a ressalva da questão fiscal, foi convidado a participar do governo do PT e recusou”, disse ele nesta segunda-feira (27) no fórum Amarelas ao Vivo, de Veja.

Bolsonaro afirmou que ambos se encontraram apenas duas vezes para conversar sobre economia e que a aproximação é “um namoro, ainda não é um noivado”.

O deputado também se considera “um pouco diferente" e mais cobrado do que o normal por ter tido a “humildade de dizer que não entendia de economia”.

Perfil

Paulo Guedes já foi professor de macroeconomia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) no Rio de Janeiro. 

Ele tem um Ph.D. pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, identificada como centro global do pensamento econômico liberal.

Guedes também é um dos fundadores do Instituto Millenium, que tem como missão disseminar o pensamento liberal, e publica regularmente textos no seu site.

No setor privado, Guedes foi um dos três fundadores em 1983 do Banco Pactual, depois comprado e transformado no BTG Pactual, o maior banco de investimento brasileiro.

Ele também foi um dos fundadores e chegou a presidir o Ibmec (atual Insper). Foi criador da BR Investimentos, uma empresa de private equity (investimento em ações privadas) que hoje integra a Bozano Investimentos.

Sua carreira no setor privado incluiu passagem também pelo conselho de administração de companhias como Localiza, PDG e Anima Educação, mas o interesse pela política ficou mais claro recentemente.

No final de junho, Guedes deu uma palestra seguida de jantar de arrecadação cujos recursos foram repassados para o Partido Novo, de quem é simpatizante, informou na época o jornal Valor Econômico.

Em coluna de 18 de setembro no jornal O Globo, Guedes classificou Bolsonaro como "legítimo herdeiro das antigas trincheiras políticas à 'direita'". Veja um trecho de outra coluna, do dia 09 de outubro:

"O vertiginoso crescimento da candidatura Bolsonaro é um sintoma dessa indisfarçável insatisfação com a estagnação na economia, a corrupção na política e a falta de segurança nas ruas, em que desembocamos sob a hegemonia social-democrata.

Em suas variantes de “punhos de renda” (PSDB), “chão de fábrica” (PT) ou “caciques regionais oportunistas” (PMDB), à “esquerda” todos os gatos são pardos para os eleitores de Bolsonaro.

Contra tudo isso e todos esses que nos dirigem desde a redemocratização, Bolsonaro é a “direita” que quer “a lei e a ordem”, valores de uma classe média esmagada entre uma elite corrupta e massas que votam em Lula buscando proteção e assistencialismo."

Contexto

Em alta nas pesquisas, Bolsonaro vem tentando mostrar uma face mais amigável ao mercado e se afastar publicamente do viés extremista, nacionalista e desenvolvimentista que marcaram sua carreira política.

Em entrevista recente para a jornalista Mariana Godoy, foi perguntado sobre o tripé macroeconômico (meta fiscal, câmbio flutuante e controle de inflação) e desconversou:

“Quem vai falar de economia por mim é minha equipe econômica no futuro”, disse. Na mesma entrevista, criticou a “estatização das empresas brasileiras para a China” mas defendeu as privatizações.

Recentemente, expressou para a Bloomberg sua vontade que a taxa básica de juros seja cortada para 2%, apesar do seu mínimo histórico ter sido de 7,25% e das previsões de mercado estarem na faixa dos 7%.

Há alguns dias, defendeu um Banco Central independente em comunicado assinado pela equipe de Bolsonaro e por dois colaboradores, Abraham Weintraub e Arthur Bragança Weintraub.

Abraham é ex-diretor da corretora do Banco Votorantim e diretor do Centro de Estudos de Seguridade (CES).

Os Weitraubs se juntam ao economista Adolfo Sachsida, que segundo o jornal O Estado de São Paulo estaria dando aulas de economia básica ao pré-candidato (Adolfo nega que sejam aulas o que chama de "conversas"). O time é completado pelo advogado Bernardo Santoro.

Chances

Um levantamento realizado pela XP Investimentos com 211 investidores institucionais perguntou quem eles acreditam que será o próximo presidente do Brasil, independente de preferência pessoal.

Alckmin é o primeiro com 46% das escolhas, seguido por Luciano Huck com 19%. Jair Bolsonaro subiu de 3% para 17% na pesquisa de agosto para a de novembro.

88% dos entrevistados acreditam que a Bolsa ficaria abaixo do patamar atual se Bolsonaro fosse eleito e 77% acreditam em desvalorização do real frente ao dólar neste cenário.

Para 10% dos entrevistados, o Ibovespa ficaria entre 70 mil e 75 mil pontos, 12% entre 65 mil e 70 mil pontos, 20% entre 60 mil e 65 mil pontos, 19% entre 55 mil e 60 mil e 12% abaixo dos 55 mil pontos.

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