Economia

Quem é a nova chefona do Fed e por que isso afeta o Brasil

Primeira mulher a assumir o cargo, Janet Yellen deve continuar com a política de injeção de bilhões de dólares na economia, o que tem mantido os mercados - e o Brasil - calmos


	A nova presidente do Fed, Janet Yellen: seu foco no BC americano é o de reduzir a taxa de desemprego no país através da continuidade do estímulo monetário
 (Bloomberg)

A nova presidente do Fed, Janet Yellen: seu foco no BC americano é o de reduzir a taxa de desemprego no país através da continuidade do estímulo monetário (Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2013 às 18h46.

São Paulo - O mais alto cargo de autoridade monetária do mundo já tem novo dono, ou melhor dona: a economista Janet Yellen é a primeira mulher a assumir como presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). A decisão sinaliza a continuidade da política monetária flexível adotada pelo BC americano sob a presidência de Ben Bernanke e que vem garantindo certa tranquilidade em mercados do mundo inteiro - incluindo o Brasil.

Nomeada nesta quarta-feira pelo presidente Barack Obama, Yellen substitui Bernanke a partir de janeiro de 2014.

Em seu discurso após ser nomeada na tarde desta quarta, a nova comandante do Fed reafirmou seu principal compromisso: o de garantir a diminuição da taxa de desemprego.

"O objetivo do Fed é servir a todos os americanos e muitos americanos que ainda não encontraram trabalho e se preocupam em como pagar suas contas e cuidar de suas famílias", disse. 

Ela tem o apoio massivo da comunidade econômica, nomes importantes como Paul Krugman e Joseph Stiglitz - ganhadores do prêmio Nobel de economia – já declararam abertamente seu apoio. 

Membro do Fed desde o fim dos anos 1970, Yellen exerceu o cargo de vice-presidente nos últimos 3 anos.

Desde o início da crise, em 2008, o Federal Reserve injetou US$2,7 trilhões aos seus ativos. O programa de afrouxamento quantitativo (quantitative easing) implementado por Bernanke com total incentivo de Yellen consiste na compra mensal de US$ 85 bilhões de dólares em títulos do Tesouro e de bancos americanos para injetar dólares na economia americana.

O objetivo é o de dar liquidez às instituições financeiras para que elas possam emprestar mais aos seus clientes, incentivando o consumo e reaquecendo o mercado.

Por que isso afeta o Brasil

A política é vista como responsável por fazer a economia dos Estados Unidos voltar a crescer após a grande crise iniciada em 2008, por isso, os mercados do mundo todo entram em pânico ao menor sinal de que ela possa estar perto do fim.

Foi o que aconteceu em junho deste ano, quando uma reportagem do jornal britânico Financial Times afirmou que o Fed começaria a retirar os estímulos gradualmente. No Brasil, o dólar disparou e saltou de R$ 2,25 para R$ 2,45.

Isso porque os investidores começaram a tirar dinheiro dos mercados emergentes para comprar títulos do Tesouro americano, cujos rendimentos são atrelados à taxa de juros – que está próxima de zero desde a crise.


Os “treasuries” são considerados o investimento mais seguro do mundo, o que fez com que apenas a possibilidade do BC retirar os estímulos fizesse o mercado acreditar que o próximo passo seria a elevação da taxa de juros – o que melhoria a rentabilidade dos títulos. 

Preocupada com trabalho

No Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), Janet Yellen é vista como sendo mais preocupada com o desemprego do que com a inflação. Chamada de “a voz do Fed por trabalho” por um artigo do jornal americano The New York Times, ela defende que as taxas de desemprego só vão diminuir com a continuidade dos estímulos financeiros.

“Como vice-presidente do banco central desde 2010, ela tem pressionado por medidas mais enérgicas para reduzir o desemprego, lutando contra as dúvidas de outras autoridades do Fed sobre o valor de continuar a expandir a enorme campanha de estímulo”, diz o artigo.

Ainda de acordo com o NY Times, sua escolha como presidente do BC reforça a evolução do Fed de uma instituição dirigida por burocratas do mercado focados em controlar a inflação para uma instituição administrada por acadêmicos comprometidos com uma missão mais ampla de crescimento e desemprego mínimo.

Janet é vista também como mais assertiva e menos avessa a conflitos que seu antecessor.

Christina D. Romer, ex-presidente do Conselho de Assessores Econômicos de Obama e amiga próxima de Yellen disse ao NY Times: "há uma dureza lá. E eu acho que há uma tenacidade nela que não existe em Bernanke".

Vida

Janet Yellen nasceu no Brooklyn em 13 de agosto de 1946 e se formou em economia na Universidade de Brown em 1967. Quatro anos depois, recebeu seu PhD na prestigiada Universidade de Yale.

Como professora, lecionou na Universidade de Harvard e na London School of Economics. Atualmente, é professora emérita da Universidade de Berkeley. 

Em sua carreira pública, destaca-se a passagem pelo Comitê de Política Econômica da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) entre 1997 e 1999.

Nesse mesmo período, foi integrante do grupo de conselheiros econômicos do governo de Bill Clinton.

Atualmente, Yellen tem uma cadeira no Conselho de Governadores do Fed e é membro do Conselho de Relações Exteriores e da Academia norte-americana de Artes e Ciências. 

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