Economia

Queda na produção compromete autoindústria, diz Booz Allen

A indústria automotiva no Brasil perdeu escala, opera no prejuízo, tenta se sustentar oferecendo promoções insustentáveis e apesar de ter ampliado as exportações, os embarques ainda estão abaixo do mínimo necessário. Em síntese, essa é a conclusão de um estudo sobre o setor elaborado pela consultoria Booz-Allen-Hamilton e pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos […]

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Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2013 às 16h43.

A indústria automotiva no Brasil perdeu escala, opera no prejuízo, tenta se sustentar oferecendo promoções insustentáveis e apesar de ter ampliado as exportações, os embarques ainda estão abaixo do mínimo necessário.

Em síntese, essa é a conclusão de um estudo sobre o setor elaborado pela consultoria Booz-Allen-Hamilton e pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Na avaliação da Booz Allen, o setor depende da reação do mercado interno para reverter o quadro atual. São necessárias, aponta o estudo, medidas para elevar a produção.

Entre as alternativas sugeridas estão: aumento no financiamento, estímulos ao desenvolvimento e implantação de novas tecnologias (como o carro que roda com gasolina ou álcool), programas de renovação das frotas e a implantação da inspeção técnica veicular - como forma de melhorar a segurança do trânsito, as condições ambientais e também promover a melhoria do consumo de combustíveis. O setor também negocia com o governo redução nas alíquotas de tributos.

Segundo o estudo, o setor automotivo se apresenta hoje como uma das maiores forças produtivas do país: 25 empresas produzem 29 marcas em 51 fábricas sediadas em sete estados.

As montadoras e os fornecedores investiram 27 bilhões de dólares no Brasil no período de 1994 a 2002. A indústria automobilística emprega em toda a sua cadeia - do fornecedor de insumos à distribuição - cerca de 1,3 milhão de pessoas. São mais de 200 mil empresas, entre oficinas, lojas de autopeças, serviços, consórcio, além das montadoras. O setor responde por 11% do PIB industrial e por 3% do PIB brasileiro.


Confira algumas das conclusões do estudo, que foi entregue ao governo:

A escala média anual de produção por plataforma industrial automotiva no Brasil caiu de 119 mil unidades em 1997 para 95 mil veículos em 2002. O que afasta o país ainda mais da escala mínima prevista para uma planta industrial automobilística, fixada em 150 mil veículos por ano.

70% das vendas do setor são financiadas e estão comprometidas pelos altos juros. A rentabilidade média do setor sobre vendas é hoje negativa em 5%. O resultado compromete a competitividade da cadeia, uma vez que o retorno dos investimentos também sustenta os aportes contínuos necessários à atualização das indústrias em um mercado globalizado.

O mercado interno precisará crescer para um patamar anual mínimo entre 1,8 milhão e 2 milhões de veículos. Nos últimos anos, o mercado absorveu 1,5 milhão de unidades, número que pode cair para menos de 1,4 milhão de unidades em 2003.

O setor tem uma capacidade instalada para fabricar 3,2 milhões de veículos por ano, mas neste ano deverá produzir 1,8 milhão de unidades - a capacidade ociosa passa dos 40%. O setor só poderá se consolidar com uma produção anual mínima da ordem de 2,7 milhões de veículos, ocupando de 80% a 85% da capacidade instalada.

A exportação é importante, mas somente o mercado interno pode dar escala de produção para sustentar o setor. O investimento automotivo é de longo prazo e deve estar lastreado no mercado doméstico.

A participação das exportações nos volumes de produção ainda é pequena - permanece no patamar histórico de 20% - e em grande parte concentrada em apenas quatro montadoras. Em 2003, deve ser embarcado o equivalente a 4,8 bilhões de dólares. Mas as montadoras pretendem elevar essa participação para pelo menos 35% da produção nos próximos anos.

Será necessário dobrar o atual volume de exportações de 400 mil para 800 mil veículos anuais, sem esquecer, no entanto, que depender das exportações não é a melhor estratégia, diante da volatilidade do mercado internacional.

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