Economia

Queda das importações fará saldo comercial dobrar em 2016

Em 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá recuar quase 4% e, no ano que vem, a queda estimada é de 3%


	Importações: superávit do comércio brasileiro deverá aumentar de US$ 15 bilhões para US$ 31 bilhões entre 2015 e 2016
 (REUTERS/Andres Stapff)

Importações: superávit do comércio brasileiro deverá aumentar de US$ 15 bilhões para US$ 31 bilhões entre 2015 e 2016 (REUTERS/Andres Stapff)

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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2015 às 11h16.

São Paulo - O superávit comercial deverá dobrar no ano que vem. Embora o aumento pareça positivo, ele esconde uma realidade perversa: o saldo tende a ser construído mais pela queda intensa das importações do que pelo aumento expressivo das exportações.

Nas previsões dos analistas consultados pelo relatório Focus, organizado pelo Banco Central, o superávit do comércio brasileiro deverá aumentar de US$ 15 bilhões para US$ 31 bilhões entre 2015 e 2016.

O quadro, portanto, deverá repetir o cenário deste ano. As importações estão diminuindo e deverão continuar nessa trajetória por causa da recessão brasileira, a mais intensa desde 1990. Em 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá recuar quase 4% e, no ano que vem, a queda estimada é de 3%. Com o recuo na atividade, a demanda por produtos importados, sobretudo os manufaturados, diminui.

"A recessão vai continuar, a inadimplência e o desemprego vão subir", afirma José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). "Com todo esse cenário, a demanda deve cair", diz. Entre janeiro e novembro, as importações recuaram 23,1%, na comparação com o mesmo período do ano passado.

As exportações brasileiras também estão em queda, e não deverão se recuperar com força no ano que vem - neste ano, o recuo será de 14,9%. O País tem sofrido com a menor cotação das commodities - 46% da pauta de exportação brasileira é de produtos básicos.

"No ano que vem, os preços das exportações ainda devem estar em baixa. Se houver uma recuperação não será nada substancial", afirma Gabriela Szini, economista da Tendências Consultoria Integrada.

"O que deve conduzir a melhora no resultado da balança de 2016 é fundamentalmente o desempenho das importações e o aumento do quantum (quantidade) de exportação", diz.

Na projeção da Tendências, o saldo comercial será positivo em US$ 16 bilhões em 2015 e chegará a US$ 33 bilhões no ano que vem.

O quadro da exportação é crítico porque os três principais produtos básicos brasileiros comercializados - minério, soja e óleo bruto de petróleo - estão com forte queda nos preços.

Um levantamento da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) mostra que, entre janeiro e novembro de 2014, o montante obtido com esses produtos foi de R$ 61,9 bilhões. Neste ano, ela é de R$ 44,4 bilhões.

Em 2015, a maior retração no valor dos produtos foi apurada no óleo bruto de petróleo (48,5%), seguido pelo minério de ferro (23,4%) e soja (23,4%). "O Brasil fica atrelado a um preço de mercado, negociado em Bolsa", diz Daiane Santos, economista da Funcex.

"O total exportado está caindo muito porque a queda dos preços desses três produtos foi muito acima da média", afirma Daiane.

A redução no preço dos produtos básicos pode ser explicada pela desaceleração da China, grande demandante de commodities. O crescimento da economia chinesa deverá ficar em 7% neste ano, abaixo do resultado apurado em anos passados.

O gigante asiático também enfrenta um processo de transição: o modelo de crescimento deixou de ter como base a construção civil e a indústria e passou para o setor de serviços.

No caso do minério de ferro e do petróleo, o novo patamar dos preços também reflete o aumento da oferta em relação à demanda global.

As exportações brasileira de manufaturados também não reagiram como se esperava com a valorização do dólar ante o real - neste ano, o avanço da moeda americana é de 45,91%.

Entre janeiro e novembro, as exportações de manufaturados recuou 9,8% na comparação com o mesmo período de 2014.

"Em 2016, deve ocorrer alguma recuperação da exportação de manufaturados, mas nada excepcional", diz Castro, da AEB. "Será uma surpresa se ocorrer uma mudança excepcional." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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