Economia

Quatro sinais que assustam bancos argentinos em meio à pandemia

Os lucros do sistema financeiro caíram 20% em fevereiro em relação ao mês anterior, mesmo com a inflação em 48%. E as coisas podem piorar

Pessoas fazem fila no Banco de la Nacion, em Buenos Aires, Argentina, na sexta-feira, 3 de abril de 2020.  (Sarah Pabst/Bloomberg)

Pessoas fazem fila no Banco de la Nacion, em Buenos Aires, Argentina, na sexta-feira, 3 de abril de 2020. (Sarah Pabst/Bloomberg)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 23 de abril de 2020 às 17h45.

Sinais de alerta para os bancos argentinos se acumulam à medida que a economia entra em colapso e o governo tenta evitar mais um default da dívida.

Os lucros do sistema financeiro caíram 20% em fevereiro em relação ao mês anterior, mesmo com a inflação em 48%, segundo dados publicados pelo banco central. E as coisas podem piorar.

“Esperamos que as condições operacionais já desafiadoras dos bancos argentinos, juntamente com a crise da dívida soberana e o impacto econômico do coronavírus, causem uma deterioração ainda maior nos fundamentos dos bancos”, disse Marcelo De Gruttola, analista da Moody’s, em entrevista.

Existem pelo menos quatro indicadores que preocupam o setor.

1. Empréstimos duvidosos

Com a retração da economia e o confinamento devido ao coronavírus, empresas e famílias enfrentam mais dificuldade para pagar as dívidas.

Crédito em apuros: empresas e famílias atrasam os pagamentos de seus empréstimos bancários


Crédito em apuros: empresas e famílias atrasam os pagamentos de seus empréstimos bancários (Divulgação/Bloomberg)

“O aumento dos empréstimos duvidosos é o que mais nos preocupa”, disse Mariela Díaz Romero, economista sênior da consultoria Econviews, em Buenos Aires. “Os pagamentos em atraso estão em níveis muito altos e continuarão a aumentar porque a economia deve encolher 6,5% neste ano.”

2. Forte regulamentação

O banco central ordenou que instituições financeiras paguem uma taxa mínima de 26,6% para contas de poupança conhecidas como depósitos a prazo de varejo, além de colocar um teto de 24% para o rendimento de empréstimos a pequenas e médias empresas.

“Se taxas máximas forem definidas para o crédito, enquanto os depósitos são obrigados a pagar um rendimento mais alto, os resultados se deteriorarão”, diz Juan José Ciro, diretor financeiro do Banco CMF.

3. Queda dos depósitos

O colapso do peso incentivou poupadores a fechar depósitos a prazo em pesos e comprar dólares, caso isso seja possível.

Como resultado, “os bancos não têm financiamento de longo prazo na Argentina”, disse De Gruttola.

4. Colapso do peso

A taxa de câmbio não oficial da Argentina atingiu uma mínima histórica na semana passada depois que o presidente Alberto Fernández indicou que o país poderia imprimir dinheiro para estimular a economia.

A chamada taxa blue-chip swap era negociada a apenas 110 pesos por dólar na segunda-feira, depois de terminar março em 81,5. A taxa havia subido para 104 pesos na terça-feira.

O colapso do peso reduzirá ainda mais os lucros dos bancos em dólar.

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