Carteira de trabalho: reforma trabalhista derrubou a obrigatoriedade de contribuição sindical anual. (Dedoc/VEJA)
Victor Sena
Publicado em 26 de agosto de 2020 às 12h17.
Última atualização em 26 de agosto de 2020 às 12h20.
Entre 2018 e 2019, o número total de trabalhadores sindicalizados no país caiu de 11,5 milhões de pessoas para 10,6 milhões. A queda aconteceu mesmo com o aumento de 2,5% na população ocupada de um ano para outro.
No ano passado, essa massa somava 94,6 milhões, contra 92,3 milhões em 2018. Entre o setor público, a taxa de sindicalização dos empregados caiu de 25,7% para 22,5% de 2018 para 2019. Essa queda ja vem acontecendo há alguns anos. De 2012 a 2019, o contingente de sindicalizados no país caiu em 3,8 milhões de pessoas, sendo 1,3 milhão a menos no Sudeste.
As informações foram divulagadas nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A queda de 2018 para 2019 foi influenciada principalmente pela reforma trabalhista, aprovada em 2017 no governo Temer, e por altas nas aposentadorias em 2019, quando servidores públicos adiantaram seus pedidos devido à reforma da Previdência do governo Bolsonaro.
De acordo com o instituto, no primeiro semestre de 2019, houve mais pedidos de aposentadoria no setor público do que em todo o ano de 2018.
A reforma trabalhista derrubou a obrigatoriedade de contribuição sindical anual.
“As grandes centrais sindicais congregam trabalhadores do setor público e privado, como professores e médicos, por exemplo. Num primeiro momento, as atividades com mais contratos celetistas tiveram maiores quedas em 2018, porém a perda nos recursos e capacidade de organização e mobilização das centrais sindicais pode, também, ter afetado o setor público”, explicou a analista do IBGE Adriana Beringuy.
Mais da metade da queda de 951 mil pessoas sindicalizadas ocorreu no grupamento administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde e serviços sociais.
Segundo o nível de instrução, a menor taxa de sindicalização era a dos ocupados com Ensino fundamental completo e médio incompleto (7,1%), e a maior era dos ocupados com Ensino superior completo (17,3%).