Economia

Quantos bilionários seriam necessários para salvar o planeta?

Imagine o que as pessoas mais ricas de 44 países, com uma fortuna estimada em US$ 786 bi, podem fazer com seu dinheiro que o governo não consegue

Riqueza: os países de rápido desenvolvimento também estão entre os que mais prejudicam o clima (ovelyday12/Thinkstock)

Riqueza: os países de rápido desenvolvimento também estão entre os que mais prejudicam o clima (ovelyday12/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2017 às 16h40.

Nova York/Bruxelas/Bangcoc - Se algumas das pessoas mais ricas do mundo decidissem abrir mão de suas riquezas, será que provocariam um impacto real nas mudanças climáticas?

O Robin Hood Index, da Bloomberg, calculou qual fatia das fortunas de cada um dos maiores bilionários seria necessária para comprar todos os créditos de carbono exigidos para compensar todas as emissões domésticas de gases causadores do efeito estufa em seus países natais ao longo de um ano.

Como exercício intelectual, é possível imaginar o que as pessoas mais ricas de 44 países, com uma fortuna estimada em US$ 786 bilhões, ou 1 por cento do produto interno bruto do mundo, podem fazer com seu dinheiro que o governo e as agências não conseguem.

A resposta? Bastante. Apenas na China e no Brasil as maiores fortunas são pequenas demais para “limpar o ar” por um ano. Os US$ 29 bilhões do investidor Jorge Paulo Lemann chegam perto de quitar a conta da limpeza no Brasil, enquanto Jack Ma, da Alibaba Group, precisaria dobrar seus US$ 37 bilhões para compensar os danos causados pelo maior poluidor do mundo.

Os países de rápido desenvolvimento também estão entre os que mais prejudicam o clima. Mas o que descobrimos em nossa análise é que, na Rússia e na Índia, o magnata do gás Leonid Mikhelson e o empresário petroleiro Mukesh Ambani continuariam tendo muito dinheiro de sobra, mesmo depois de compensarem as emissões em seus respectivos países.

Os impostos sobre o carbono não eliminam os poluentes. Com o comércio de carbono, os governos nacionais estabelecem um limite para as emissões e podem conceder direitos para poluir ou leiloar algumas licenças dentro do limite.

As empresas podem então comprar esses créditos, que permitem que elas poluam, ou vendê-los, obtendo lucro se elas forem limpas. As emissões caem quando os governos reduzem periodicamente os limites.

A União Europeia tem debatido uma proposta para renovar seu sistema de limite e comércio, criado há 12 anos, que não consegue aumentar a penalidade por poluir.

Mesmo se os mais ricos da UE se reunissem pelo bem maior, a região formada por 28 países ainda precisaria encontrar formas de fechar acordos para melhorar sua eficiência energética, afastando-se dos combustíveis fósseis e voltando-se às energias renováveis.

Um novo obstáculo é o presidente Donald Trump, que retirou os EUA do acordo de Paris para as mudanças climáticas, que oferece diretrizes para os níveis de poluição.

Por outro lado, sua fortuna de US$ 2,9 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index, seria teoricamente suficiente para apenas 8 por cento dos créditos exigidos pelo país.

Felizmente para esta fantasia de Robin Hood, os US$ 85 bilhões do fundador da Microsoft, Bill Gates, pagariam mais de dois anos de compensações de créditos de carbono (considerando taxas fixas para emissões e preços de crédito) --, restando dinheiro suficiente para pagar as contas dos vizinhos Canadá e México.

A Suécia, que tem uma economia altamente eficiente em termos de energia e que emite um dos níveis mais baixos de poluição para movimentar a economia, seria um dos trabalhos de limpeza mais fáceis para Robin Hood e seu bando de ladrões.

O sucesso da rede de móveis sueca Ikea Group forneceu ao fundador Ingvar Kamprad dinheiro suficiente para manter o ar de seu país “limpo” por cerca de 150 anos. E não é necessária nenhuma montagem.

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