Economia

Quanto o Brasil vai crescer em 2017?

5 instituições, da ONU ao Itaú, revisaram nos últimos dias as suas projeções para o crescimento brasileiro em 2017

Projeções para o crescimento em 2017 vão de 0,2% a 1% (Carl Dwyer/SXC/SXC)

Projeções para o crescimento em 2017 vão de 0,2% a 1% (Carl Dwyer/SXC/SXC)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 18 de janeiro de 2017 às 13h30.

Última atualização em 18 de janeiro de 2017 às 13h49.

São Paulo - Depois de afundar quase 8% desde o final de 2014, a economia brasileira pode estar próxima de emergir da recessão.

A expectativa geral é de uma retomada do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2017, ainda que tímida.

Os números piores do que o esperado em 2016 prejudicam o resultado também desse ano, assim como o alto endividamento empresarial e das famílias.

Já a aprovação de reformas estruturais e o corte da Selic em 0,75 ponto percentual no último dia 11, mais do que esperado, ajudam na retomada.

Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, diz que a revisão oficial da estimativa de crescimento para 2017 sai dentro de duas semanas, mas 5 novas projeções de mercado foram divulgadas nos últimos dias.

Veja a seguir o que elas dizem:

Fundo Monetário Internacional: 0,2%

O mais pessimista atualmente é o FMI, que cortou a previsão de crescimento de 0,5% em 2017 feita em outubro do ano passado para os atuais 0,2%. Para 2018, a previsão segue em 1,5%.

A América Latina como um todo foi rebaixada. No México, a razão principal foi o aumento da incerteza diante da vitória de Donald Trump, abertamente hostil ao país.

No Brasil e na Argentina, o problema maior é que os números de 2016 decepcionaram e já fazem com que 2017 comece deprimido, o que é chamado pelos economistas de "carregamento estatístico".

Boletim Focus: 0,5%

O Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, expressa a visão de consenso do mercado com a contribuição de mais de 120 instituições financeiras.

A expectativa de crescimento do PIB em 2017 está em 0,5%. Há um mês, era de 0,58%. Há dois meses, estava em 1,13%.

Para 2018, a expectativa também vem caindo, mas menos: de 2,3% no mês passado para 2,2% atualmente.

Organização das Nações Unidas: 0,6%

A ONU diz que o Brasil pode ter "virado a esquina" e projeta um crescimento do PIB de 0,6% em 2017 e 1,6% em 2018.

"A incerteza política caiu e os fundamentos de um programa para gerenciamento macro foram introduzidos. No entanto, o alto desemprego e a política fiscal relativamente apertada vão continuar pesando sobre a economia", diz o texto.

A ONU nota que a América do Sul em geral pode ser beneficiada por uma maior demanda externa, aumento nos preços das commodities e uma política monetária mais frouxa devido ao recuo da inflação.

Standard & Poor's: 0,93%

“A nova administração do presidente Michel Temer foi capaz de aprovar uma emenda constitucional no fim de 2016 que limita o crescimento dos gastos do governo, um passo significativo em direção a controlar e eventualmente corrigir uma deterioração substancial nas finanças soberanas”, diz a agência.

A S&P foi a primeira agência a dar o grau de investimento para o Brasil (em abril de 2008) e a primeira a retirar (em setembro de 2015). Em fevereiro de 2016, promoveu novo rebaixamento.

Itaú BBA: 1%

O Itaú BBA continua na ponta mais otimista do mercado, mas também revisou sua projeção de crescimento para baixo.

Em setembro de 2016, o banco esperava crescimento de 2% em 2017. Em dezembro, cortou para 1,5%, e agora revisou para 1%.

"No curto prazo, a atividade econômica tem mostrado fraqueza maior que a esperada, sobretudo na indústria, a despeito de alguns indicadores setoriais mais promissores. Dessa forma, o PIB deve ter tido novo recuo no 4º trimestre de 2016 (-0,6%, antes esperávamos estabilidade). Isso implica uma piora da herança estatística para 2017 (que passará de -0,4% para -0,8%). Apesar disso, os fundamentos de demanda seguem estáveis na margem, o que deve possibilitar uma pequena expansão da economia em 2017.", diz a nota assinada pelo economista Rodrigo Miyamoto.

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