Economia

Quando o tema é inflação, o Brasil é um alcoólatra em recuperação, diz Economist

Revista britânica questiona se o Banco Central brasileiro perdeu a independência operacional

"O Banco Central perdeu a sua independência?”, indaga a Economist (Divulgação/Banco Central)

"O Banco Central perdeu a sua independência?”, indaga a Economist (Divulgação/Banco Central)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2011 às 14h19.

São Paulo – Uma reportagem da revista The Economist, que chega às bancas nesta quinta-feira, questiona a mudança de rumo da política de juros no Brasil e afirma que “quando se trata de inflação, o Brasil é um alcoólatra em recuperação”.

Com o título “Indefinição de mandato”, a matéria pergunta se o Banco Central brasileiro estaria visando o crescimento econômico e não apenas o controle da inflação.

A publicação britânica relembra o passado inflacionário do país e ressalta que a taxa básica de juros começou a cair a partir de agosto, quando a inflação acumulada em 12 meses estava acima do teto da meta, de 6,50%.

“Portanto, está a presidente Dilma Rousseff, no cargo desde janeiro, dando prioridade para outros objetivos, tais como sustentar o crescimento econômico e evitar a sobrevalorização do câmbio, em vez de manter a inflação baixa? E o Banco Central perdeu a sua independência?”, indaga a Economist.

A reportagem coloca o ponto de vista do governo federal em relação ao tema, enfatizando que a economia brasileira já está em desaceleração e que a crise internacional terá um efeito desinflacionário no Brasil.

A publicação destaca também algumas críticas do mercado em relação à decisão “precipitada” do Banco Central de reduzir os juros num momento de inflação elevada, e lembra que o salário mínimo terá uma reajuste de 14% em janeiro, o que pode pressionar os preços.

No último parágrafo, a revista britânica diz que o governo brasileiro pretende reduzir a taxa de juros entre dois e três ponto percentuais – embora não haja uma meta formal para isso – e lembra que outros bancos centrais, como o dos Estados Unidos, têm duplo mandato (crescimento e controle da inflação). “Porém, quando se trata de inflação, o Brasil é um alcoólatra em recuperação. O país precisa do Banco Central para manter a inflação na linha.”

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralEmpresasGoverno DilmaInflaçãoJurosMercado financeiroThe Economist

Mais de Economia

Banco Central autoriza que financeiras emitam letras de crédito imobiliário (LCI)

Trump chama presidente do Fed de 'tolo' após anúncio de manutenção da taxa de juros

Nova alta da Selic pode pesar ainda mais no crescimento econômico, diz CNI

Após nova alta da Selic, Brasil sobe uma posição e tem o 3º maior juro real do mundo; veja ranking