Economia

Quando ajuste é firme, reação é rápida, diz Joaquim Levy

Em sua primeira entrevista para a televisão desde que foi nomeado, novo ministro da Fazenda disse que pacote será "balanceado" e não descartou alta de impostos

Joaquim Levy (Thomas Lee/Bloomberg)

Joaquim Levy (Thomas Lee/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 17 de dezembro de 2014 às 08h57.

São Paulo - "A experiência mostra que quando você faz ajustes de uma maneira firme e equilibrada, a reação é muito rápida", disse o futuro ministro da Fazenda Joaquim Levy sobre quando o Brasil pode esperar a volta do crescimento.

A declaração foi feita para a jornalista Miriam Leitão em entrevista gravada ontem à noite em Brasília e transmitida nesta manhã no programa Bom Dia Brasil. Foi a primeira entrevista exclusiva do novo ministro para a televisão desde sua nomeação.

Ele não adiantou detalhes sobre o pacote fiscal que apresentou para a presidente Dilma e que deve ser anunciado em breve:

"Tem que ser um pacote balanceado, é a prioridade. A gente tem que pegar os diversos gastos que já foram feitos, estancar alguns, reduzir outros. E na medida do necessário, a gente pode considerar também algum ajuste de impostos sempre olhando a compatibilidade com aquele objetivo que a gente falou, de aumentar a taxa de poupança. É muito importante o Brasil poupar um pouco mais para poder investir mais e também estar preparado para este mundo mais turbulento."

Perguntado sobre a possível volta da Cide, imposto sobre combustíveis zerado em 2012, o ministro disse que é "uma possibilidade", mas destacou que o mais importante é explicar para a sociedade porque as medidas estão sendo tomadas:

"Desde meados do ano passado, todas as pesquisas diziam que as pessoas queriam mudanças, e parte da mudança é exatamente essa reorientação da economia para muita realidade, muita aderência a tudo que está acontecendo, e na parte fiscal, um fortalecimento."

Miriam destacou que a inflação deve vir alta em janeiro. Levy diz que isso é um reflexo das altas da luz, que são importantes para compensar o custo mais alto das usinas térmicas e não gerar um passivo futuro, e viu a trajetória com mais otimismo:

"A inflação, até pelo trabalho fiscal, vai entrar em um determinado momento em um processo de queda. Mas eu acho que o Banco Central está vigilante e vai tomar as medidas adequadas para isso."

Sobre a Petrobras, Levy diz que a empresa tem uma forte capacidade de reação e ainda é cedo para dizer se o governo será acionado para algum tipo de resgate. 

No final, Miriam perguntou se Levy não seria um "estranho no ninho", com ideias diferentes do governo. Ele destacou que há "um núcleo comum de ideias" e que "diante de um quadro que exige disciplina, as pessoas sabem o que precisa ser feito." 

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