Economia

Qualquer economia menor que a proposta me deixaria preocupado, diz Fraga

Após entrega de proposta ao Congresso, Ministério da Economia informou um corte de gasto em torno de R$ 1,07 trilhão em dez anos

Arminio Fraga: Ex-presidente do Banco Central acredita que economia devia ser ainda maior com apresentação de reforma mais dura (Sergio Moraes/Reuters)

Arminio Fraga: Ex-presidente do Banco Central acredita que economia devia ser ainda maior com apresentação de reforma mais dura (Sergio Moraes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de fevereiro de 2019 às 18h39.

Última atualização em 20 de fevereiro de 2019 às 19h36.

Rio - Embora destaque como positivo o fato de a economia prevista para os cofres públicos com a reforma da Previdência proposta pelo governo Jair Bolsonaro ter vindo acima do que vinha sendo "sinalizado", o ex-presidente do Banco Central (BC) Arminio Fraga ressaltou que não há espaço para reduzir o impacto fiscal das mudanças.

Mais cedo, ao apresentar publicamente a proposta de emenda constitucional (PEC) entregue ao Congresso Nacional nesta quarta-feira, o Ministério da Economia informou que o impacto fiscal das mudanças nas regras produzirá uma economia aos cofres públicos de R$ 1,072 trilhão em dez anos. O valor sobe para R$ 1,164 trilhão no mesmo período quando se considera também o efeito de R$ 92,3 bilhões pelas mudanças para a aposentadoria dos militares, propostas em separado.

"Qualquer coisa que caia abaixo do que foi apresentado já me deixaria bem preocupado. Como eu acho que o necessário seria mais do que o que foi proposto, acho que ideal seria subir (a economia)", afirmou Fraga a jornalistas, após proferir uma aula magna no curso de relações internacionais do FGV Educação Executiva, na Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio.

O ex-presidente do BC evitou comentar detalhes da proposta e disse ser difícil calcular o risco de a PEC da reforma não ser aprovada por causa de problemas na articulação política do governo no Congresso. Para Fraga, embora a questão da viabilidade de aprovação da reforma seja "crucial" e assuste investidores do mercado financeiro, o problema não é novo, "está aí há algum tempo".

Questionado se o risco de faltar articulação política aumentou ou diminuiu recentemente, Fraga destacou o apoio do presidente Jair Bolsonaro à proposta apresentada nesta quarta-feira.

"Vi antes de sair do escritório, mais cedo, que o presidente da República se posicionou com muita clareza com relação à importância da reforma. Isso foi um passo essencial. Ele tinha que abraçar essa reforma como dele. Até onde vi, isso foi feito", disse o ex-presidente do BC.

Nesta quarta-feira, Bolsonaro foi ao Congresso entregar a PEC desenhada pela equipe econômica. Na ocasião, o presidente afirmou que é "importantíssimo" os parlamentares fazerem alterações para "aperfeiçoar o projeto". Bolsonaro também admitiu que o texto enfrentará dificuldades e fez um "mea culpa" ao dizer que errou ao se posicionar contra mudanças na aposentadoria quando era deputado federal.

Sobre as reações contrárias à reforma que vem sendo registradas ao longo desta quarta-feira, Fraga disse que é "impossível se fazer um ajuste dessa magnitude sem cortar alguma coisa praticamente de todo mundo". Mesmo assim, os trabalhadores deveriam ser convencidos de que é melhor fazer sacrifícios agora para garantir a sustentabilidade dos pagamentos no futuro.

"É fundamental não nos esquecermos que essas promessas, do jeito que as coisas andam, não vão ser cumpridas. As promessas de aposentadoria, com o quadro fiscal que temos, não serão cumpridas", disse o ex-presidente do BC.

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