Economia

Quadro do BC difere da realidade, diz senador do PMDB

"Me vem à mente a cena do Titanic afundando e o violinista continuando a tocar", disse o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES)


	Sede do Banco Central em Brasília: "Fico imaginando se o mundo em que estou vivendo é o mesmo que os senhores estão vivendo", disse o senador
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Sede do Banco Central em Brasília: "Fico imaginando se o mundo em que estou vivendo é o mesmo que os senhores estão vivendo", disse o senador (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2015 às 13h45.

Brasília - O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) afirmou nesta terça-feira, 15, para os diretores e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que o quadro econômico traçado pela cúpula do BC é diferente da realidade.

"Fico imaginando se o mundo em que estou vivendo é o mesmo que os senhores estão vivendo", disse.

"Me vem à mente a cena do Titanic afundando e o violinista continuando a tocar", continuou. Segundo ele, o que a sociedade precisa é olhar para autoridade monetária e ter confiança de que "as coisas vão acontecer".

O parlamentar também ressaltou que Tombini é parte da equipe econômica que promoveu um "desmonte no País sem precedentes". "O senhor assistiu ao desmonte fiscal pela presidente Dilma (Rousseff)", argumentou.

Ferraço também criticou a ação do BC em relação à administração do câmbio, alegando que "populismo cambial tem custos" e disse que a instituição também colaborou para o agravamento das contas públicas.

"Nossos problemas não são importados, são made in Brazil", disse, citando o rebaixamento da nota brasileira pela agência de classificação de riscos Standard & Poor's.

Ferraço usou outra ilustração ainda para explicar como, a seu ver, o governo conduziu a economia nos últimos anos. "Parece que o governo dirigiu o carro ora pisando no acelerador e ora no freio ao mesmo tempo", disse, acrescentando que o País, na área fiscal, gastou como um "novo rico" mesmo sabendo que a situação não seria sustentada. "O carro não saiu do lugar e a única coisa que subiu foi a dívida", enfatizou.

Já o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) citou uma série de indicadores econômicos negativos durante sua exposição. Para ele, depois da S&P, a agência de classificação Moodys deve ser a próxima a rebaixar o Brasil.

"A Moodys deve vir agora e aí vamos entrar em colapso total", previu. "Queria saber do senhor se o rebaixamento foi injusto ou o senhor reconhece que política fiscal foi expansionista", questionou.

Outro questionamento do senador foi sobre se há previsão do BC de usar as reservas internacionais para conter a alta do dólar. "Há intenção de o BC meter a mão nesse dinheiro das reservas para valorizar nossa moeda ou para cobrir o rombo orçamentário?", perguntou.

A única parlamentar do primeiro bloco de oradores a defender a política econômica do governo, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) defendeu as posições adotadas pelo governo da presidente Dilma Rousseff e pelo presidente do Banco Central.

A senadora chegou a questionar a decisão da Standard & Poor's, de rebaixar a nota de crédito de Brasil. "Os Estados Unidos estão caindo e a eles (S&P) deram nota lá em cima para eles". Vanessa aproveitou seus cinco minutos de fala para defender a presidente Dilma. "A presidente foi eleita de forma democrática", disse.

Em contrapartida, o senador Telmário Mota (PDT-RR) pediu que o presidente Tombini demonstrasse o que foi realizado para compensar as perdas com os leilões de swap e questionou se o BC não estaria deixando de cumprir acordos de Basileia.

Para Mota, a única ação do BC contra o aumento da inflação foi o aumento da taxa básica de juros e acredita que o atual nível da Selic em 14,25% é incompatível com a situação econômica do País.

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