Economia

Putin ordena destruição de alimentos ocidentais

Já faz um ano que a Rússia não permite a importação de alimentos americanos e europeus; agora, eles já podem ser destruídos pela alfândega


	O presidente russo, Vladimir Putin
 (Jussi Nukari/Lektikuva/Reuters)

O presidente russo, Vladimir Putin (Jussi Nukari/Lektikuva/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 24 de agosto de 2015 às 15h42.

São Paulo - A Rússia está em uma crise econômica profunda, mas isso não significa que Vladimir Putin vá ceder em seu embate com boa parte do mundo desenvolvido.

Nesta quarta-feira, o presidente russo assinou um decreto ordenando a destruição de alimentos que tenham entrado no país em violação das restrições estabelecidas há cerca de um ano.

“Produtos agrícolas, matérias-primas e itens alimentícios exportados para o território da Federação Russa de um país de origem que tenha imposto sanções contra entidades legais e/ou indivíduos russos ou que tenha aderido a estas decisões, e que estão banidos de entrar no território da Federação Russa estarão sujeitos à exterminação a partir de 06 de agosto", diz o texto.

De acordo com o site Russia Today, ligado ao governo, a medida foi proposta na semana passada pelo Ministro da Agricultura, Aleksandr Tkachev, para que houvesse uma forma da alfândega destruir o contrabando e não precisar retorná-lo ao país de origem.

Um procedimento será estabelecido e estão excluídas comidas trazidas por cidadãos para uso pessoal com documentação adequada. 

Histórico

Um mercado negro se estabeleceu desde agosto de 2014, quando a Rússia proibiu por um ano a importação de alimentos de Estados Unidos, União Europeia, Austrália, Canadá e outros países. Até o McDonald's virou alvo e o prazo foi estendido recentemente por mais 6 meses.

A proibição foi uma resposta às sanções estabelecidas por estes países para pressionar e punir a Rússia por causa da anexação da Crimeia e o suporte aos grupos separatistas no leste da Ucrânia. 

As sanções e a queda dos preços do petróleo causaram desvalorização forte do rublo e colocaram a Rússia em uma recessão ainda mais profunda do que a brasileira, com a pobreza atingindo níveis críticos.

A proibição dos alimentos ocidentais agrava uma inflação que já passa de dois dígitos e incomoda uma população acostumada com a disponibilidade dos queijos e vinhos estrangeiros.

Mas a popularidade de Putin continua nas alturas e as sanções podem vir a ser relaxadas em um futuro próximo. A Europa também está em crise e seus agricultores não ficaram satisfeitos com a perda desta fatia de mercado, que migrou para países como o Brasil.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEuropaPolíticosRússiaVladimir Putin

Mais de Economia

‘Se você pretende ser ‘miss simpatia’, seu lugar não é o Banco Central’, diz Galípolo

Rui Costa fala em dialogar com o mercado após dólar disparar: 'O que se cobrava foi 100% atendido'

Lula chama corte gastos de 'medida extraordinária': 'Temos que cumprir o arcabouço fiscal'