Economia

Putin ameaça Europa com redução de gás

Se a Ucrânia desviar fluxo de gás para seu consumo interno, a Rússia irá reduzir provisão de gás natural para a Europa, avisa o presidente russo

Vladimir Putin, presidente russo: "espero que chegaremos a um acordo" (Marko Djurica/Reuters)

Vladimir Putin, presidente russo: "espero que chegaremos a um acordo" (Marko Djurica/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2014 às 13h37.

Belgrado - O presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou nesta quinta-feira em Belgrado com a redução da provisão de gás natural para a Europa no caso de a Ucrânia desviar o fluxo para seu consumo interno a partir dos gasodutos de passagem por seu território.

Putin fez a declaração durante discurso público na capital da Sérvia.

O dirigente russo assegurou que "não acontecerá uma crise na cooperação energética (com a UE) por culpa da Rússia", embora tenha admitido que existem "grandes riscos de passagem".

"A Rússia sempre foi um parceiro de confiança", disse Putin, e assinalou que seu país tem recursos suficientes para as necessidades dos consumidores na Europa.

Putin destacou que está em constante contato com os parceiros europeus a esse respeito e que espera que essa situação não aconteça, ao mesmo tempo em que antecipou que já esta noite e amanhã em Milão (Itália) tratará também sobre este assunto no fórum Ásia-Europa (Asem).

A Rússia cortou o fluxo de gás rumo à Ucrânia no dia 16 de junho após uma disputa com Kiev sobre uma dívida acumulada por provisões desse combustível, que, segundo cálculos de Moscou, em 1º de junho chegava a cerca de US$ 4,4 bilhões.

Durante alguns meses de inverno de 2006, 2008 e 2009 aconteceram as conhecidas como "guerras do gás", na qual as desavenças entre Moscou e Kiev pelo preço do combustível acabaram em cortes na provisão por parte da Rússia.

"Espero que chegaremos a um acordo e poremos o ponto final a essa questão", declarou o presidente russo.

Pelo sistema de gasodutos ucranianos transita aproximadamente 80% das exportações de gás natural russo com destino à União Europeia, de modo que na falta de gasodutos alternativos há 28 especialmente vulneráveis às crises entre Kiev e Moscou.

Putin visita Belgrado por ocasião da comemoração do 70º aniversário da libertação desta capital pelo Exército soviético e pelos guerrilheiros iugoslavos na Segunda Guerra Mundial.

Ao se referir em entrevista coletiva em Belgrado ao projeto do gasoduto South Stream, que forneceria gás russo ao sudeste europeu sem passar pela Ucrânia, Putin disse que "ele não pode ser realizado de forma unilateral, mas só se as duas partes participarem do processo".

O projeto ainda não começou a ser desenvolvido por causa de desacordos entre as normas europeias e as russas.

Putin disse que a Rússia não pode começar a construir um gasoduto avaliado em bilhões de dólares se seus "parceiros ainda refletem se é um projeto necessário ou não".

Assegurou que um debate similar aconteceu também por ocasião da construção do gasoduto norte, conhecido como North Stream, que liga Rússia e Alemanha, mas que foi "muito útil" para todas as partes.

"Estou convencido de que o South Stream é um bom projeto que reduz de forma substancial os riscos de passagem", concluiu. 

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