Economia

PSL tenta blindar Paulo Guedes na Comissão Especial sobre Previdência

Os deputados do PSL acreditam que, desta vez, estarão mais bem preparados para a discussão, já que vêm tendo aulas com técnicos do governo sobre a reforma

Equipe econômica também traçava estratégias às vésperas da audiência (Adriano Machado/Reuters)

Equipe econômica também traçava estratégias às vésperas da audiência (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de maio de 2019 às 07h20.

Última atualização em 8 de maio de 2019 às 07h35.

São Paulo — A bancada do PSL se prepara para blindar o ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão Especial que debate a reforma da Previdência. Para evitar que ele se torne alvo da oposição, como ocorreu em sua última visita ao Congresso, deputados do partido de Jair Bolsonaro planejam ocupar as primeiras fileiras no plenário e colocar seus nomes no topo das inscrições para o debate. A estratégia é chegar bem cedo à Câmara mesmo que isso renda horas de espera aos parlamentares — a sessão está prevista para começar somente no início da tarde.

O plano é tentar "monopolizar" o início do debate. Para evitar a impressão de que a reforma tem mais opositores do que apoiadores, ao longo da sessão a estratégia é alternar falas com as da oposição. Os deputados do PSL acreditam que, desta vez, estarão mais bem preparados para a discussão, já que vêm tendo aulas com técnicos do governo sobre a reforma.

A preocupação do grupo - e da equipe econômica - é não repetir os erros de articulação que levaram Guedes a sofrer com um bombardeio da oposição quando foi falar à Comissão de Constituição e Justiça.

A audiência no início de abril acabou em briga. As primeiras cinco horas foram completamente dominadas pela oposição. Ao final, o ministro caiu na provocação do deputado Zeca Dirceu (PT-PR) que o acusou de ser "tigrão" com os aposentados, idosos de baixa renda e agricultores, mas "tchutchuca" com privilegiados do Brasil.

Na época, a bancada do PSL e a articulação do governo foram criticadas por falta de traquejo para lidar com a oposição. Agora, na Comissão Especial, a responsabilidade dos parlamentares governistas é maior. É nessa etapa que a reforma da Previdência pode ser "desidratada", o que coloca em risco a meta do governo de economizar ao menos R$ 1 trilhão em dez anos.

Líder de Bolsonaro no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP) disse que Paulo Guedes estará "blindadíssimo com uma turma ao redor dele". Presidente da CCJ e membro da Comissão Especial, Felipe Francischini (PSL-PR) afirmou que a bancada estará organizada: "Não permitiremos bravatas".

O coordenador da bancada na Comissão Especial, Alexandre Frota (PSL-RJ), chegou a pedir na sessão de ontem para que os deputados não xinguem o ministro. "Guedes é extremamente preparado", disse. "O que ele precisa é ter tranquilidade."

Preparação

A equipe econômica também traçava estratégias às vésperas da audiência. Guedes se reuniu com seu time de comunicação ontem para falar sobre a comissão. Um assessor disse que a ideia é ele manter-se tranquilo diante de provocações, mas que não levará "desaforo para casa".

O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, também vai à comissão hoje e recebeu treinamento da comunicação. Marinho tentou ontem, inclusive, encorpar a articulação para blindar a equipe econômica. No Congresso para falar sobre a medida provisória antifraudes, aproveitou para arregimentar tropas. Ao deputado João Roma (PRB-BA), por exemplo, disse que seria importante a presença dele na comissão, apesar de Roma nem estar no colegiado.

 

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