Economia

Protecionismo de Trump tem alvo inusitado: os limões argentinos

Trump adiou a implantação de um acordo de importação de limões com a Argentina, pondo em xeque as negociações com o país latino

Limão: Argentina briga para recuperar status tarifário com os EUA (Stock Xchng/SXC)

Limão: Argentina briga para recuperar status tarifário com os EUA (Stock Xchng/SXC)

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Da Redação

Publicado em 24 de janeiro de 2017 às 13h15.

Última atualização em 24 de janeiro de 2017 às 16h39.

Em uma de suas primeiras ações, o governo do presidente Donald Trump adiou a implementação de uma regra que permite que os produtores agrícolas argentinos exportem limões para os EUA após uma década de negociações, colocando em dúvida as negociações comerciais entre os dois países.

A Casa Branca ordenou um adiamento de 60 dias “de sua regra final para permitir a importação de limão fresco do noroeste da Argentina”, informou o Serviço de Inspeção de Saúde Animal e Vegetal dos EUA em seu website.

A Argentina está atualmente em negociações para recuperar o status tarifário preferencial com os EUA, assim como para retomar as exportações de carne bovina e para estender o sistema de isenção de vistos dos EUA aos turistas argentinos.

No entanto, Trump prometeu em seu discurso de posse que suas duas regras são contratar americanos e comprar de americanos, levantando a preocupação de que Macri não conseguirá aproveitar seu relacionamento pessoal com o novo presidente para melhorar os laços comerciais.

O ministro da Agroindústria, Ricardo Buryaile, disse à emissora argentina Rádio Mitre, que está confiante de que o adiamento não se tornará permanente.

“Precisamos ver os fatos antes de nos adiantarmos”, disse Jorge Neme, secretário de Relações Internacionais da província de Tucumán, onde está centrada a produção de limões da Argentina. Suspender uma legislação que não foi concluída é prática padrão durante a transição de governos nos EUA.

“Obama fez isso oito anos atrás e Trump está fazendo isso agora”, disse Neme por telefone.

As ações da exportadora de limões SA San Miguel AGICI, com sede em Tucumán, caíram 6,7 por cento na segunda-feira, no fechamento em Buenos Aires, maior declínio desde 11 de novembro.

Os EUA caíram para o terceiro lugar entre os maiores parceiros comerciais da Argentina após décadas como número 2 porque as relações entre os dois países esfriaram após o calote de 2001 da Argentina.

Os produtores de limão da Califórnia haviam pressionado para bloquear a retomada das importações.

“Nós fomos surpreendidos positivamente nesta manhã”, disse Joel Nelsen, presidente da associação California Citrus Mutual, por telefone, de Exceter.

Os produtores de limão dos EUA são pró-comércio, mas temem que a fruta argentina tenha mancha preta, doença que já afeta partes das plantações da Flórida, disse Nelsen.

“Se o presidente Trump e seus colaboradores confirmarem o que vêm dizendo nos últimos dias, é mais provável que tenhamos um EUA muito fechado”, disse Marcelo Elizondo, diretor da consultoria argentina de comércio internacional Desarrollo de Negocios Internacionales. “Não devemos esperar grandes avanços na relação bilateral.”

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