Economia

Prorrogação do auxílio emergencial gera impulso de 1,4% no PIB

Auxílio foi prorrogado até dezembro, no valor de 300 reais. Até o fim do ano, o programa terá adicionado outros 100 bilhões de reais à economia

Trabalhador em Niterói: auxílio emergencial manteve parte do consumo nas cidades brasileiras (Luis Alvarenga/Getty Images)

Trabalhador em Niterói: auxílio emergencial manteve parte do consumo nas cidades brasileiras (Luis Alvarenga/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 1 de setembro de 2020 às 11h43.

Última atualização em 1 de setembro de 2020 às 20h30.

A prorrogação do auxílio emergencial trará novo impacto na movimentação da economia brasileira. Até o fim do ano, o programa deve adicionar cerca de 100 bilhões de reais, o que representa cerca de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo nota a clientes da Necton Investimentos.

O governo anunciou nesta terça-feira, 1º, a prorrogação do auxílio emergencial até dezembro, mas com valor menor, de 300 reais. Antes, o valor estava em 600 reais e vinha sendo pago desde abril para amenizar os impactos da pandemia da covid-19.

A porcentagem de impacto do auxílio foi calculada com base no acumulado do PIB brasileiro nos últimos quatro trimestres, de 7,2 trilhões de reais.

Desde que começou a ser pago, o auxílio vem sendo capaz de segurar parte do consumo em um cenário de crise econômica e alto desemprego.

Outro estudo, de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), aponta que o auxílio até agora, sem a prorrogação, já representava cerca de 2,5% do PIB, com mais de 182 milhões de reais (levando em conta os números do PIB de 2019). O cálculo foi feito pelos economistas Ecio Costa e Marcelo Freire.

Efeito regional

O efeito do auxílio emergencial é ainda mais significativo em algumas regiões. No Nordeste, o auxílio representou sozinho 6,5% do PIB, segundo o mesmo estudo da UFPE. O Maranhão é o estado brasileiro mais impactado: por lá, o benefício chega a 8,6% do PIB.

Há 17 estados em que o impacto do auxílio no PIB ficou acima da média nacional de 2,5%. Todos são das regiões Norte e Nordeste, com exceção de Goiás, onde o auxílio representou 2,6%, ligeiramente acima da média brasileira.

Já Santa Catarina (onde o auxílio teve impacto de 1,2% do PIB), Distrito Federal (0,7%) e São Paulo (1,3%) foram os lugares menos impactados. O auxílio teve menor participação no PIB de São Paulo ainda que o estado seja o que mais recebeu valores do programa, cerca de 30 bilhões de reais.

Em quase todos os estados brasileiros, o número de beneficiários do auxílio emergencial também já supera o de trabalhadores com carteira assinada, segundo levantamento do site Poder 360, com base em dados de julho do Portal da Transparência.

Ao todo, o auxílio emergencial chegou a mais de 60 milhões de pessoas, em uma amplitude sem precedentes. O Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do governo, atinge pouco menos de 14 milhões de famílias.

O governo estuda ainda a implementação do Renda Brasil, programa que seria um substituto para o Bolsa Família, que hoje paga na casa dos 200 reais no máximo.

No anúncio da prorrogação do auxílio emergencial, em que estavam presentes os líderes no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, o Renda Brasil foi citado, mas o governo não bateu o martelo sobre seu valor. A equipe econômica defende um valor parecido ao do novo axuílio, entre 250 e 300 reais, mas junto com unificação ou corte de outros programas, como o Farmácia Popular.

A economia cairá menos?

A prorrogação do auxílio pode também mudar também a projeção de queda da economia brasileira para este ano. Atualmente, a projeção da Necton é de queda de 7,5% do PIB, que deve ser reduzida para em torno de 6% com o novo auxílio, segundo nota a clientes. A revisão oficial ainda será feita.

Mesmo antes da prorrogação oficial do auxílio, o Boletim Focus do Banco Central, que traz as projeções de analistas do mercado financeiro, apontava uma contração de 5,28% no PIB em 2020. Já a previsão oficial do governo aposta em queda ainda menor, de 4,7%.

Nesta terça-feira, 1º, o IBGE também divulgou os números oficiais do PIB do segundo trimestre, de abril a junho. O PIB caiu 9,7% em relação ao primeiro trimestre, entrando oficialmente em recessão técnica.

A queda já era esperada. Ainda assim, faz a economia brasileira voltar para patamares de 2009 -- o que tem feito economistas classificarem os últimos anos como "década perdida".

O segundo trimestre foi o pior da pandemia e a expectativa do mercado é que as economias mundo afora comecem a se recuperar a partir de agora. "Apesar do número expressivo, importante pontuar que no início da pandemia a mediana do mercado esperava algo bem pior, com queda de dois dígitos, próximas de 12%", escreveu em relatório o economista Arthur Mota, da Exame Research, casa de análise de investimentos da EXAME. (Leia aqui o relatório completo)

Acompanhe tudo sobre:Auxílio emergencialGoverno BolsonaroPIB do BrasilRenda Brasil

Mais de Economia

China e Brasil: Destaques da cooperação econômica que transformam mercados

'Não vamos destruir valor, vamos manter o foco em petróleo e gás', diz presidente da Petrobras

Governo estima R$ 820 milhões de investimentos em energia para áreas isoladas no Norte

Desemprego cai para 6,4% no 3º tri, menor taxa desde 2012, com queda em seis estados